A Sagrada Eucaristia
O amor de Jesus na Eucaristia
II – O amor de Jesus na Eucaristia
1 – O dom, sinal do amor
Nesse grande Sacramento, não vedes vós o imenso amor de Jesus Cristo pelos homens? Quando alguém quer bem a outrem, demonstra-lhe o amor com algum dom. os dons são os sinais do amor; e este parece tanto maior, quando mais precioso é o dom. Se afinal quem dá fosse pessoa de alta dignidade, teria então o dom maior valor. E se esse dom fosse deixado por quem está na hora da morte? Quão precioso e caro deveria então se tornar! Refleti agora no dom que nos fez Jesus Cristo na Eucaristia, e por sua preciosidade calculai o amor imenso dele.
a) Quem no-lo deu?
Jesus Cristo, o Filho de Deus, o qual não se contentou em vir do Céu à terra, fazer-se homem, padecer, morrer numa cruz pela nossa salvação; mas quis ainda ficar em nosso meio, como Pai, Irmão, Amigo, Consolador.
b) Que nos deu? Um retrato seu? Um pedaço de sua roupa?
Isto já seria um grande dom. Porém, nos deu muito mais. Deu-nos todo Ele: Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Podia Ele dar-nos mais? Não! Aqui exauriu todas as riquezas de sua caridade infinita. S. Agostinho, a esta reflexão, exclama estupefato: Deus é onipotente, mas não podia fazer-nos um dom maior; Deus é riquíssimo, mas em sua riqueza não teve coisa para dar-nos mais preciosa do que isto; Deus é sapientíssimo, e, no entanto, não soube achar um dom mais maravilhoso do que este. Vede que amor!
c) Quando nos fez tal dom?
Não naqueles dias em que as turbas o seguiam admiradas e empolgadas por suas palavras e pelo esplendor de seus milagres; não naqueles dias em que o pretendiam coroar como rei; e nem quando o receberam triunfante em Jerusalém, gritando a Ele os “Hosanas”. Mas foi naquela tremenda noite em que se maquinava contra sua vida; quando se meditava a traição para matá-lo: In qua nocte tradebatur (1Cor 11, 23); quando se preparavam para ele os flagelos, os espinhos, a cruz! Vede que excesso de amor!
E é de se ficar mais assombrado se se pensa que Jesus naquela noite não só previa a sua Crucifixão e sua morte, como previa também todos os ultrajes que lhe fariam os judeus, os hereges e até muitos cristãos a quem ele fazia o dom completo de si mesmo. Sim, desde então viu Jesus os maus tratos e os sacrilégios até de muita juventude ingrata ao seu amor. E, no entanto, não se deteve ao nos fazer um dom tão grande. O amor de Jesus Cristo tudo superou, tudo venceu; e, no excesso desse amor, disse ele ainda que encontraria as suas delícias ao morar com os homens!
2 – Jesus está sempre conosco
Jesus quer ficar entre nós não apenas por pouco tempo, mas sempre, até o fim dos séculos; e não nalguma parte apenas da terra, longe de nós, mas em nossos lugares, perto de nossas casas. E não há lugarejo cristão, por menor que seja, no qual não haja a sua igreja onde Jesus está para nós no seu Sacramento de amor, noite e dia.
E que está fazendo aí? Está aí para ser o advogado dos pecadores, o amparo dos fracos, o viático dos moribundos, o amigo e conselho das almas. Aí está como pai no meio de seus filhos que ama com um amor infinito. Ele espera as nossas súplicas, deseja prover as nossas necessidades, aliviar as nossas penas, tornar-nos virtuosos e santos para dar-nos o Paraíso.
Que está fazendo aí? Ele se fez alimento de nossas almas, e espera que vamos alimentar-nos dEle, e nos faz continuamente amáveis convites:
“Vinde a Mim, todos vós que estais fatigados e carregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). Ele chama a todos até os pecadores, mas deseja de modo particular ter em torno de si as crianças inocentes: a estas reservou as graças mais belas. Que dizeis disso? Não é o amor de Jesus para conosco, na Eucaristia, de sorte a fazer assombrar todo o mundo?
Ora, não teremos nós deveres para com esse grande Sacramento?
Certamente que os temos!
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,
Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)