Iniciadora do movimento monacal no mundo, a Ordem de São Bento (em latim, Ordo Sancti Benedicti, abreviatura O.S.B.) surgiu na Itália arrasada pelo fim do Império Romano e pelas crescentes invasões bárbaras, constituindo um poderoso sinal de Deus para a restauração da civilização empreendida durante a Idade Média, especialmente no que depois virá a constituir os Estados Papais.
São Bento nasceu em 480 em Nursia, uma pequena cidade perto da Cordilheira dos Alpeninos. Era irmão gêmeo de Santa Escolástica, cuja vida de entrega a Deus também não tardou a ser notória. Quando ele tinha dezessete anos, seus pais o enviaram para terminar seus estudos em Roma, antiga sede do decadente Império Romano. O estudo bastante árido da retórica, porém, não satisfez sua sede pela entrega a Deus. Isso o motivou a cada vez mais buscar isolamento e a aprender a sabedoria divina onde lhe era mais propício a encontrar: no silêncio, na oração e no trabalho.
Então, Bento de Nursia partiu. Ele viajou de longe para a solidão austera de Subiaco, para viver como um eremita, a exemplo do que já faziam os famosos Padres do Deserto. Ele passou seu tempo em oração contínua, penitência e jejum. A santidade e rigor de sua vida logo o tornaram conhecido em toda a região de Subiaco. As pessoas procuravam-no para pedir conselhos ou apenas para ouvi-lo falar de Deus, o que fazia com uma sabedoria profunda e surpreendente.
Não tardou para que as vocações de muitos homens de sua região despertassem e, através de seu exemplo, eles mesmos buscassem viver de forma parecida. A ele, portanto, recorreram muitos jovens e homens buscando recolhimento e oração, no que se fez necessário que uma regra fosse escrita e seguida, dando continuidade ao espírito que havia sido consolidado na sua morada em Nursia. Regras diversas, pelo menos orais, já existiam, a exemplo da Regra Agostiniana, contudo o que tornou São Bento único e fez dele uma grande escola para as ordens que mais tarde viriam (Franciscanos, Trapistas, Dominicanos, Jesuítas, mesmo os Carmelitas em suas reformas, etc.) foi o equilíbrio e a correspondência exata de seus preceitos para com as Sagradas Escrituras, conforme afiança seu grande biógrafo, o Papa São Gregório Magno.
O primeiro mosteiro beneditino foi apenas o gérmen de algo muito grandioso: dezenas, centenas de casas religiosas se espalharam por toda a Cristandade após a morte de São Bento, de forma que não se passavam algumas dezenas de quilômetros, durante a Idade Média, sem que um cristão achasse um mosteiro com sua regra. É verdade que, ainda em vida, muitos também foram os percalços e armadilhas lançadas pelo Demônio a fim de fazer cessar esta ordem, especialmente vindos de alguns de seus filhos espirituais: expulsão de seu fundador, tentativa de envenenamento do santo, diversos acontecimentos prodigiosos do demônio, et al. Contudo, o mal sempre redundou em um bem maior, na maior glória de Deus. O dístico adotado pela Ordem Beneditina reflete este espírito: Ut in omnibus glorificetur Deus, para que em tudo Deus seja glorificado.
São Bento entregou sua alma a Deus no dia 21 de março de 547, pouco depois de ter recebido a Sagrada Comunhão, em pé no oratório, apoiado por dois de seus discípulos. Milhares de monges e freiras ainda vivem de acordo com sua Regra em todo o mundo. E assim será assim até o fim dos tempos, conforme promessa concedida por Nosso Senhor Jesus Cristo!