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XXIX – As Más Leituras - A necessidade de evitar as más leituras



A árvore da ciência do bem e do mal – Nossos primeiros pais, no Paraíso terrestre, foram por Deus submetidos a uma prova. Tratava-se de vida ou morte se obedecessem ou desobedecessem a Deus. Lá havia uma árvore, cujos frutos eles não deviam tocar, sob pena de morte. Mas o demônio, pai da mentira, voltado para a mulher: “Ai, de mim! Não morrereis na certa!” (Gen 3,4). “E abrir-se-ão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal” (ib., 5). Sabemos infelizmente o fim dessa deplorável história. A desobediência de Adão e de Eva fez desabar sobre a terra todos os males que afligem o gênero humano.


***


Fato parecido sucede presentemente. No meio da sociedade cristã há uma nova árvore, de cujos frutos depende o bem ou o mal, a vida ou a morte. Essa árvore é a imprensa que com livros bons educa e santifica as almas, e com perversos corrompe-as e envenena-as. Deus diz a todos os seus filhos por intermédio da Igreja: Não comais os frutos da imprensa iníqua; se os comerdes morrereis: morte moriemini.


E a serpente infernal ao contrário: Não é verdade: abrir-vos-ão até os olhos.


Eis uma terrível ocasião e uma insídia diabólica das mais funestas, que se deve evitar.


Vejamos:


I - A necessidade de evitar as más leituras

II - Os danos deploráveis que elas produzem

III - As desculpas falsas de quem não as evita


I – Necessidade de evitar as más leituras


1 – O Fato


Em nossos dias se progrediu na instrução elementar e na verdadeira ciência; mas o pior é que se tem feito progresso também na instrução imoral irreligiosa. Quem não vê a inundação da má imprensa? Outrora poucos liam, e poucos eram os livros. Hoje há um comércio, que se faz em larga escala, de romances, de livrecos, de revistas, de folhetos. É um verdadeiro dilúvio! Não eram tão numerosos os gafanhotos do Egito! E toda essa cambulha é veneno que circula no corpo social e traz corrupção não só às cidades, mas até às aldeias; não só entre as pessoas instruídas, mas entre as classes trabalhadoras e até entre as crianças.


2 – Há obrigação de evitar essa ocasião


Ela se baseia na lei natural e na lei divina. Como há obrigação de evitar os maus companheiros do mesmo modo que se evita uma cobra venenosa; como devemos precaver-nos dos falsos profetas, dos quais no fala o Evangelho; também há obrigação para todos de evitar a má imprensa. Às vezes se apresentam livros e revistas em vestes elegantes, com forma literária atraente... mas dentro? O conteúdo qual é? Intrinsecus autem sunt lupi rapaces (Mt 7,15). Tais escritos são mais de se temer do que um bando de assassinos; pois se estes vos tiram a vida do corpo, aqueles tentam tirar-vos a vida da alma que, arruinada, para sempre atais arruinados.


3 – Quem lê, come


É um provérbio velho, mas justo. Como o pão é o alimentos do corpo, também a leitura é o alimento do espírito. E como um alimento sadio mantém a vida, e um alimento venenoso a mata; também uma boa leitura conserva a vida do espírito, e uma leitura má tira ao espírito a vida.


Ora, qual é o fim da má imprensa e qual é o seu objeto?


O fim é sempre o de extinguir a fé e impelir à dissolução. A imprensa serve de potente arma diabólica nas mãos dos inimigos de Deus e da religião.


O objeto: Nos livros é o ódio à Igreja e ao sacerdócio; a calúnia, o escárnio das coisas sagradas, o desprezo dos dogmas, das práticas religiosas, dos Sacramentos; fatos históricos deturpados... cenas amorosas e dramáticas passionais, que inflama. Nos jornais se reúnem descrições de duelos, suicídios, homicídios, que constituem os contingentes da crônica; minuciosos relatos de processos judiciários que revelam infâmias e torpezas... E quem lê, facilmente se enche a cabeça de erros e de corrupções o coração.


Pois bem, se, como diz S. Paulo, se deve evitar as companhias perversas que com conversas corrompem os costumes, muito mais se devem evitar os livros e jornais perversos. Por conseguinte, é necessário resistir a essa invasão de infâmia e de imundície. Outrora se gritava: “Fora o estrangeiro!”. Hoje em dia se deve gritar: “Fora os falsos profetas e os corruptores da pena!”. Não foi à toa que já em 1919 no parlamento italiano se levantaram fortes as vozes para protestar contra a vergonha e a lama da imprensa: e o próprio Ministro Luzzatti julgou urgente enviar uma circular a todos os Prefeitos do Reino, a fim de reprimir a pornografia.


4 – A má leitura é pior do que o mau companheiro


O companheiro com a conversa obscena ou irreligiosa, pode fazer grande mal; lançará funestas centelhas, mas não corrompe logo; o livro, entretanto, grava imediatamente no espírito de quem lê o teor: e restam-vos os contos obscenos e máximas ímpias; que se se põe fora o livro, é prontamente retomado; é companheiro do dia e da noite, em casa, a passeio; e o veneno vai à seiva e ao sangue;


O companheiro, ao ensinar a malícia às vezes se contém e pela cor se trai; o livro não fica nem vermelho nem pálido; permanece descarado como é; com a fascinação imprime as ideias, de modo que o leitor recebe punhaladas e a morte, ao passo que ainda acaricia o algoz.


O companheiro frequentemente se evita, porque causa horror; o livro não se teme, pela confiança que se tem nas próprias forças; e eis que se estabelece entre o livro e o leitor uma corrente de ideias, de sentimentos e de simpatias, pelo que, mesmo sem querer, se absorve todo o tóxico.


Eis por isso a necessidade de evitar tais leituras mais do que se evitam os maus companheiros.


5 – O juízo dos povos


Tal necessidade foi reconhecida por todos os povos e em todos os tempos; tanto assim que as próprias Leis civis proscreveram os livros contra a religião e os costumes. Entre os pagãos: Platão, filósofo († 347 a.C.), deixou escrito que “os livros maus devem ser exterminados, e, juntamente com eles os escritores dos quais houvesse saído essa peste” (Liv. Da Repúb.). Tais são ainda as sentenças de Aristóteles, Catão, Cícero, Sêneca e outros escritores Gentios.


Entre os gregos antigos, por ordem do Senado foram queimados os livros perversos de Epicuro, de Arquílogo, de Ésquilo e de Protágoras. Este último foi até expulso do território de Atenas, como pessoa infame. Diágoras (apelidado o ateu) por causa dos seus escritos teve de fugir da ira dos atenienses, que puseram a prêmio sua cabeça.


Entre os romanos havia uma Magistratura de censores para os livros. O Senado romano queimou os escritos de Labieno; e o imperador Augusto, apesar de protetor das letras e dos literatos, mandou buscar por toda parte os livros ímpios e imorais, e fez uma fogueira de alguns milhares deles.


Os egípcios fizeram mais. Não contentes após destruírem os livros infames de Sótades, jogaram no mar o autor trancado num caixão de chumbo.


Dentre os próprios autores de maus livros, muitos condenaram suas obras, lamentando quando lhes foi impossível destruí-las. Assim Ovídio, embora pagão; assim Averroés, embora turco; assim Boccaccio, Piccolomini, La Harpe e cem outros.


6 – A autoridade da Igreja


Devia a Igreja de Jesus Cristo ser inferior às doutrinas de pagãos e de ímpios? E deve ficar indiferente ante o erro que tenta raptar-lhe as almas? Não! Ela não pode e não deve tolerar semelhante ultraje. E quem poderá negar-lhe esse direito que exercem até os poderes civis? Por isso, ela nos Concílios tem com severidade proibido a leitura de tudo o que é contrário à fé e aos costumes. Ela sempre ergueu e ainda ergue a voz bem alto, para reiterar as proibições e lembrar aos cristãos católicos o pecado grave que se comete e as censuras em que se incorre ao ler e conservar livros que combatam a religião e a moral. A tal severidade a induz o amor dos filhos seus e o desejo de salvá-los da ruína. Invoca-se justiça sobre os matadores de corpos humanos: mas será por ventura a vida da alma menos preciosa que a do corpo? A Igreja sabe perfeitamente que o germe de um erro ou o pus do mau costume introduzido na alma basta para matá-la.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)


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