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XXI – O Catecismo - Os danos da ignorância


O Catecismo

Os danos da ignorância



II – Os danos da ignorância


1 – Os erros relativos à Fé


Quem pode calcular os danos que acarreta ao homem a ignorância do Catecismo? Há pessoas instruídas, se o quereis, em muita coisa; mas que, para desventura sua, ignoram as coisas mais necessárias e elementares da religião. Se escrevem ou se falam, caem amiúde em certos erros colossais de dar dó. Escutai essa.


A ciência religiosa de um senhor – Apresentou-se ao Superior de uma Casa religiosa um senhor que pretendia ouvir por uns dias os Exercícios Espirituais. O Superior, em primeiro lugar, lhe deu um pequeno Catecismo. O outro ficou quase ofendido, e disse: “Como, Meu Padre, quer V. Revma. pôr-me ainda no abecê? Quando eu tinha 10 anos já sabia de cor todo o Catecismo de cabo a rabo”. E o Superior lhe retrucou: “Justamente por isso: havendo muito tempo que V.S. não o vê mais, é necessário que o releia”. Interrogado em seguida sobre uns pontos do Catecismo, o senhor não só se achou embaraçado, mas saiu com tais despropósitos contra a fé, de causar assombro. Persuadiu-se, então, do dano que acarreta a ignorância do Catecismo.


2 – Os vícios e os crimes se multiplicam


Onde falta a ciência do Catecismo, todos os vícios e crimes se multiplicam. E por quê? Por que não há o freio das paixões, e porque não se conhecem os deveres do cristão. Diz o Espírito Santo: “Não há na terra a ciência de Deus; eis por que a invadiram a blasfêmia, a mentira, o homicídio, o furto e o adultério: Non est scientia Dei in terra: (ideo) maledictum, et mendacium, et homicidium, et furtum, et adulterium inundaverunt” (Os 4, 1-2).


4 – O dano irreparável


Aonde levam, afinal, os vícios e o crimes? Ao dano mais espantoso e irreparável, que é a perda da alma.


O fim de um astrônomo – Conta-se de um astrônomo que, ao caminhar, tinha sempre voltado para o alto o olhar, a remirar as estrelas; tão apaixonado era por sua ciência! Um dia, passando sobre uma ponte que tinha corrimão, e olhando ainda para o alto, não percebeu o perigo e caiu no rio, onde encontrou a morte. Em seus funerais fizeram-se muitos discursos, nos quais se veio a dizer: “De que lhe serviu toda a ciência? Era melhor para ele ter aprendido como se faz para passar sobre uma ponte sem cair no rio!”. O homem que assim falou tinha carradas de razão.


Eis o que acontece a muita gente que pensa em instruir-se apenas nas coisas do mundo. Descurando a verdadeira ciência que os pode salvar, qual seja a ciência do Catecismo, acabar perdendo a alma e caindo no inferno.


Para evitar esse irreparável dano, a Igreja manda que seus ministros deem o Catecismo; e se estes não o dão, deixam de cumprir graves deveres seus. Mas a Igreja obriga também os seus fiéis, e mormente as crianças, a aprender o que contém no Catecismo. Se alguém ficar na ignorância das verdades da Fé, será condenado, pois está escrito: “Quem é ignorante, será por Deus ignorado: Si quis autem ignorat, ignorabitur” (1 Cor 14, 38).


Conclusão


Frequência e atenção – Ouvistes a necessidade, a importância e as vantagens do Catecismo; e ainda compreendestes que danos decorrem de o ignorar. Fazei, pois, a máxima questão de participar do Catecismo. Mas deveis também prestar toda a atenção ao que ali se vos ensina. Escutai uma parábola do Evangelho, feita para vós.


A parábola de um semeador – Um homem foi semear em seu campo. Uma parte da semente caiu no caminho, e foi pisada pelos viandantes; uma parte caiu entre as pedras e apenas nascida, secou-se, porque não tinha umidade; uma parte caiu entre espinhos, e estes abafaram-na. Uma parte, afinal, caiu em terreno bom, e nasceu e frutificou cem por cento (Lc 8, 5-8).


A semente é tudo o que ensina o Catecismo. Os jovens que não escutam, ou escutam mal as explicações do Catecismo, são como esse terreno mau, onde caiu a semente e não frutificou. Deveis, pois, ser o terreno bom: deveis, afinal, escutar com atenção, e conservar como coisa preciosa os ensinamentos do Catecismo, se pretendeis que estes deem bons frutos. Ouvi agora outro exemplo, e depois termino.


Tempo perdido numa lição de catecismo – Nos anais da propagação da Fé se lê que um missionário da China, depois de se cansar de ensinar o Catecismo aos jovens, perguntou a alguns deles se tinham entendido alguma coisa. O primeiro responde ingenuamente: “Sim, notei que o vosso nariz é muito comprido”. O segundo disse: “Meu padre, vi os bonitos botões que tendes na túnica, e ainda não me canso de os olhar”. Pobre missionário! Eis o belo fruto de seu ensino! Creio que esse padre não terá interrogado um terceiro menino. Sem ir até os chineses, não se topam, por ventura entre nós mesmo tais jovens que do Catecismo tiram igual proveito? Se aí estiverdes sem atenção, cochichando e virando daqui para acolá, que fruto daí podeis tirar? Saireis ignorantes como ao ali ingressardes! Se, no entanto, prestardes toda a atenção adquirireis a verdadeira sabedoria e conhecereis o caminho seguro que leva ao Céu.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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