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Comentário sobre a declaração de Dom Vitus Huonder, por S.E.R. Dom Tomás de Aquino

PAX


Comentário sobre a declaração de Dom Vitus Huonder


O bispo suíço, Dom Vitus Huonder, fez uma declaração que suscitou grande admiração por parte de muitos católicos. Ela se compõe de sete ítens abrangendo: três papas (Paulo VI, Bento XVI e Francisco), a Fraternidade São Pio X, a Nova Missa, a solução da crise e a perseguição feita aos fiéis da Fraternidade São Pio X.


À primeira vista, este pronunciamento pode causar boa impressão. Há passagens corajosas a respeito do Papa Francisco e da Nova Missa. No entanto, é impossível não notar, mesmo numa primeira leitura, a lamentável posição teológica de Dom Huonder.


Dom Huonder elogia Bento XVI e sua hermenêutica da continuidade. Ele louva o Motu Proprio Summorum Pontificum e o levantamento da injusta excomunhão de Dom Lefebvre.

Sobre estes três pontos devemos observar primeiramente que a hermenêutica da continuidade é uma defesa do Concílio Vaticano II e uma impossível concordância deste último com a Tradição da Igreja.


Quanto ao Motu Proprio ele consagrou a Missa Nova como a missa do rito romano. A missa de sempre foi relegada à condição de rito secundário.


Quanto à excomunhão (que nunca existiu) de Dom Lefebvre nada permite concluir que Bento XVI a suprimiu. O nome de Dom Lefebvre não aparece no documento. Aparecem apenas os nomes dos quatro bispos sagrados por ele.


Notemos, enfim, que Bento XVI sempre se posicionou como um inimigo do estado católico, ou seja, como inimigo do Reinado Social de Nosso Senhor. Isto levou Dom Lefebvre a dizer, ao então Cardeal Ratzinger, que eles dois não podiam colaborar, mesmo se Roma desse bispos à Fraternidade São Pio X. Os senhores, dizia Dom Lefebvre, desejam descristianizar a sociedade, e nós queremos cristianizá-la.


O Cardeal Ratzinger, mesmo depois de papa, militou pela laicidade dos estados. Para ele o estado é incompetente em matéria de religião. Ele contraria quinze séculos de cristandade.


Além disso, o Cardeal Ratzinger esteve sempre envolvido nos acordos das comunidades tradicionais com a Roma Modernista. Estes acordos foram uma “operação suicida” para essas comunidades.


Os beneditinos de Dom Gérard, os redemptoristas do Père Sim, o Oasis do Padre Muñoz, os dominicanos de Père de Blignère, a diocese de Campos, as comunidades que já nasceram vinculadas à Roma como a Fraternidade São Pedro e o Instituto Bom Pastor, e certamente muitas outras. Todos estes foram vítimas do Cardeal Ratzinger e de seus auxiliares.


Como se não bastasse o que acabamos de dizer, o Cardeal Ratzinger está também envolvido na fundação do seminário Mater Ecclesiae e no esforço de Roma para retirar seminaristas de Écône. Este seminário era apresentado como sendo, em tudo, semelhante ao seminário de Écône, mas com a vantagem de ter a aprovação de Roma. Assim, eles conseguiram atrair alguns seminaristas da Fraternidade São Pio X. Um ou dois anos depois, este seminário foi fechado e os seminaristas foram enviados às suas dioceses de origem. Um destes seminaristas escreveu a Dom Lefebvre dizendo sobre o seu arrependimento de não o ter escutado e de ter dado ouvidos ao cardeal Ratzinger.


Podemos dizer que grande parte do esforço de Bento XVI enquanto cardeal e papa foi o de combater Dom Lefebvre.


Seu secretário, Dom Gänswein, assegurava que o Motu Proprio Summorum Pontificum se destinava, dentre outras coisas, a afastar os fiéis de Dom Lefebvre.


Que a Fraternidade São Pio X não abandone a sabedoria de Dom Lefebvre que conhecia bem tanto a teologia como os homens, e especialmente os liberais modernistas.


Enquanto Dom Vitus Huonder ter Bento XVI como um modelo e sua hermenêutica da continuidade como a expressão da Tradição, então nada podemos esperar dele. E, ao contrário, temos que temer que ele não venha a afastar muitos do combate da Fé.


Para aqueles que talvez não conheçam suficientemente a crise atual e que talvez sejam tentados a julgar nossa posição pouco católica, nós recomendamos os livros, sermões e conferências de Dom Lefebvre. Ele foi e continua a ser o Santo Atanásio de nossos tempos. A Igreja ainda o reabilitará como Dom Huonder fez nessa declaração. Dom Huonder elogia Dom Lefebvre, mas, infelizmente, não o compreende e não compreende os seus conselhos de nos manter separados dos modernistas até Roma voltar à Tradição da Fé Católica.



† Dom Tomás de Aquino OSB

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