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A Devoção a Maria Santíssima
A verdadeira devoção
III – A verdadeira devoção
A verdadeira devoção à Mãe de Deus consiste:
Em não desgostá-la;
Em amá-la;
Em imitá-la.
1 – Não desgostá-la
Que é o desgosto? É aquilo que ofende a Jesus que ela ama como filho e como Deus. Todo pecado desgosta Jesus; e se o pecado é mortal não só o desgosta, como o crucifica de novo, conforme diz São Paulo: Rursus crucifigentes... Filium Dei (Hebr 6, 6).
Imaginai que haja uma mãe aqui com um filho nos braços. Apresenta-se-lhe um malvado para fazer-lhe um presente: mas, no ato de fazer-lhe o presente, atravessa com um punhal o coração de menino.
Que dizeis de tal celerado? E a pobre mãe, olharia para o seu presente? Mesmo que lhe presenteasse o mundo inteiro, não se contentaria; ao contrário, com isso teria traspassada a alma.
Assim acontece com os jovens que em honra de Maria recitam orações, trazem no pescoço sua medalha, ou fazem a ela qualquer obséquio, acreditando assim ser devotos seus; quando com os pecados, ferem a seu Filho Jesus.
Meus caros, se alguém é mau, colérico, desobediente, orgulhoso, mentiroso, desonesto nas palavras e nos atos... não adianta trazer consigo a medalha, não adianta fazer outros obséquios a Nossa Senhora! Maria Santíssima deseja primeiro que não se ofenda a Jesus.
Quando o rei Davi mandou seu exército contra seu filho rebelde Absalão, disse aos soldados: “Poupai-me o filho: Servate mihi puerum Absalon” (2 Rs 18, 5). O mesmo pedido dirige Maria a quem a honra: “Poupai-me o meu Filho Jesus!”.
A honra por Salomão prestada à mãe – Salomão, sucedendo ao rei Davi seu pai, no início de seu reinado quis horar e exaltar a sua mãe Betsabéia. Que fez? Preparou-lhe um magnífico trono, onde a fez sentar-se à sua direita. Aí ela lhe disse: Eu gostaria de pedir-te uma graça”. E o rei: “Então pede, mãe, e contentar-te-ei”. Betsabéia pediu uma graça em favor de Adonias (irmão de Salomão). Ante esse pedido o rei esquece a afeição materna, a reverência filial, a palavra de rei: e em vez de conceder a graça, ordena a morte de Adonias (3 Rs 2,19).
Eis o comportamento de muitos para com a grande Mãe Maria: dizem-se seus filhos devotos, exaltam-na e pretendem agradá-la em tudo. E depois? Quando ela pede uma só graça, negam-lhe. Ela pede que não se maltrate seu Filho Jesus, que é também nosso irmão; quantos no entanto o estraçalham e o crucificam de novo com os pecados! Isto é a honra que se lhe renda? Queremos, afinal, ser devotos de Maria? Longe do pecado! Devoção e pecado não podem juntar-se!
Ob. Dir-se-á: Não é Maria o refúgio dos pecadores? R. Sim, e ai de nós se o não fosse! Mas de que pecadores? Daqueles que multiplicam as culpas? Que abusam da sua bondade? Ah! Não! Protegê-los seria aprovar o mal; e é blasfêmia dizer que Maria Santíssima queira isso. De que pecadores afinal? Disse-o ela própria a Santa Brígida: “Eu sou a mãe dos pecadores que se querem emendar: Ego sum mater peccatorum se emendare voltentium”. Para estes, sim, ela é refúgio, esperança, advogada.
2 – Amá-la
Porém não desgostar a Maria é pouco demais. É mister também amá-la. Um filho que só se contente em não desgostar à mãe, e é indiferente no resto, que filho é? O amor terno à mãe é o primeiro e principal dever de um filho. Nós devemos amar a Maria que é nossa mãe, a qual nos ama com um amor desmedido; e o nosso amor deve ser o mais sincero e o mais ardente. Por maior que seja ele, jamais será suficiente para contrabalançar o seu amor por nós. Deveríamos pensar sempre nela, invocá-la; desejar e rejubilarmo-nos que ela seja amada também pelas outras criaturas; entristecermo-nos ao vê-la desprezada e maltratada.
Amor de obras – E não basta que tenhamos a chama escondida dentro de nós: ela deve revelar-se aos de fora. “A prova do amor são as obras”, diz São Gregório Magno: Probatio dilectionis exhibitio est operis. É mister pois servir Maria, render a ela homenagens e obséquios como a Mãe e Rainha. Isto é amor!
Como a amavam os santos? Jamais cessava de falar-lhe; São Boaventura não cansava de escrever-lhe; São João Damasceno, São Bernardino, Santo Afonso de Ligório com ardentíssimo zelo pregavam-lhe as grandezas, apaixonando por ela milhares de pessoas. S. Luís, S. Estanislau, S. Filipe Neri manifestavam-lhe seu amor com lágrimas, com o rosto iluminado, com palpitações no coração. Amemos assim também nós a Nossa Senhora, e seremos verdadeiros devotos seus; e ela ser-nos-á ainda mais liberal de seu amor e de sua proteção, porque nos diz: “Eu amo aqueles que me amam: Ego diligentes me diligo” (Prov 8,17).
3 – Imitá-la
Dentre todos é este o mais grato obséquio à Virgem, e ao mesmo tempo o mais frutífero para nós. A imitação é uma consequência do verdadeiro amor. Disse um antigo escritor: “O amor ou encontra os que se assemelham, ou então os torna semelhantes”. Por isso empenharemos Maria a nos amar muito mais e a nos salvar, se nos dispusermos a copiar em nós as suas virtudes, propondo-nos a ela por modelo.
Ela é a mais pura da Virgens: imitá-la pois na pureza.
Ela foi incomparável na caridade, na humildade, na paciência, no recolhimento, no amor à pobreza: nós também devemos praticar estas virtudes para nos assemelharmos a ela.
Escutai como exorta S. Boaventura: “Ó vós todos que amais Maria, revesti-vos dela: que ela refulja nos vossos costumes esplenda nas vossas obras”.
Os três espelhos – Uma menina de bons sentimentos, mas um pouco vaidosa, do colégio, onde era educada, escreveu à mãe, pedindo-lhe que lhe mandasse um espelho. A mãe respondeu que ao invés de um, mandar-lhe-ia três. Chegaram de fato três embrulhos. A menina abre o primeiro, e ali encontra um verdadeiro espelho, com a inscrição: “Eis o que és”. Abre o segundo e lhe aparece a figura de uma caveira, com as palavras: “Eis o que serás”. Abre o terceiro, e ali vê uma imagem de Maria Imaculada, e a advertência: “Eis o que deves ser”. A mocinha compreendeu qual era o desejo da mãe: beijou aquela imagem e se propôs querer para o futuro imitar as virtudes de Maria Santíssima, pretendendo-a como modelo.
Assim devíamos fazer nós: ter em tudo por modelo Maria Santíssima. Então sim, poderíamos dizer que possuímos a verdadeira devoção a ela: a devoção que nos salvará, pois é esta a sentença do Abade Guerrico (que é o eco das divinas Escrituras, do ensinamento da Igreja e das doutrinas dos Santos Padres): Qui virgini famulatur securus est de Paradiso: Quem serve à Virgem, a essa Rainha tão poderosa, a essa Mãe tão boa, está seguro do Paraíso.
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,
Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)
Fim da obra