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XXII – Os deveres para com os pais - A Assistência



Os Deveres Para Com os Pais


III – A Assistência


1 – A lei da natureza


O dever de socorrer os pais é imposto pela própria natureza e pela religião. Foi inculcado e praticado até por pagãos. Se os filhos não cumprem esse dever, é sinal de que não têm nem respeito nem amor a seus pais; e não amar os próprios pais (dizia Sêneca), é uma impiedade. Não são os pais que deram a vida aos filhos? Que os criaram com tanta dificuldade e sacrifício? “Lembra-te (diz o Espírito Santo) de que sem eles não terias nascido: e dá a eles conforme o que fizeram por ti” (Eclo 7, 30). Deve-se prestar assistência aos pais em suas necessidades temporais e espirituais.


2 – Nas necessidades temporais


Quando os pais forem pobres, ou velhos, ou doentes, os filhos são obrigados a socorrê-los, a provê-los do necessário e assisti-los, mesmo com sacrifícios. Diz o Espírito Santo: “Filho, cuida da velhice do teu pai e não o entristeças em tua vida: Fili, suscipe senectam patris tui, et non contristes eum in vita illius” (Eclo 3,14).


Ai dos filhos desnaturados que, esquecidos de tanto cuidado que por eles tiveram os pais, os retribuem com a crueldade e com o abandono.


Os pais do jovem Tobias – (como atesta a Sagrada Escritura) gabavam-se de seu filho com estas terníssimas expressões: “Ele é a luz de nossos olhos, o bastão de nossa velhice, o consolo de nossa vida: Lumen oculorum nostrorum, baculum senectutis nostrae, solatium vitae nostrae” (Tob 10, 4).


No entanto, quantos pais devem lamentar o abandono em que são deixados por seus filhos?! Pobres velhos! Esperariam tão duro tratamento, depois de tudo o que fizeram?


Santa Rosa de Lima, ao ver caídos na pobreza os seus pais, que antes eram ricos, a fim de os poder socorrer empregou-se como doméstica numa família, labutando dia e noite.


3 – Nas necessidades espirituais


Quando por desgraça os pais forem maus cristãos, devem os filhos, com toda a prudência, exortá-los a voltarem a Deus; devem cuidar da alma deles, mormente nas enfermidades; e, no perigo, devem dar-se pressa em confortá-los e avisá-los para que recebam a tempo os Santos Sacramentos.


Uma menina que converte o pai – Estava gravemente doente um infeliz homem que não praticava a religião; e ninguém pensava em adverti-lo e seu estado e em falar-lhe em Sacramentos. Uma filhinha sua, que frequentava o Catecismo, chegou-se a ele e lhe disse: “Papai, estais muito doente e poderíeis morrer: aprendi no Catecismo que é uma grande desgraça, para quem tem pecado, morrer sem Confissão, porque não vai para o Céu. Confessai-vos, afinal, e Deus ajudar-vos-á”. Estas palavras abalaram o homem que mandou logo chamar um padre e quis receber os Sacramentos. Pouco depois morreu; e suas últimas palavras foram estas: “Sem minha querida filha, que seria de mim por toda a eternidade?”.


Conclusão


Ou bênção, ou maldição – Caros filhos, não olvideis os grandes deveres que tendes para com vossos pais: o respeito, a obediência, o socorro; e praticai-os. Sabei que o Senhor prometeu especiais bençãos aos filhos respeitadores, obedientes e amorosos. Estes prosperarão na vida, terão boa morte e serão felizes na eternidade. Escutai como fala o Senhor: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que vivas longamente na terra: Honora patrem tuum et matrem tuam, ut sis longaevus super terram” (Ex 20,12).


Aos filhos bons Deus prometeu também a estima dos homens; e o consolo de por sua vez verem a virtude em seus filhos. Escutai as suas palavras: “Quem honra seu pai terá consolação dos filhos, e nos dias de sua oração será atendido” (Eclo 3, 6).


Ao contrário, ameaçam-se tremendos desastres aos filhos maus que sejam martírio de seus pais. Não terão na vida senão desgraças, pois pesa sobre eles a maldição de Deus. Ouvi as palavras do Senhor: “Maldito quem não honra seu pai e mãe: Maledictus qui non honorat patrem suum et matrem” (Dt 27, 16). Lembrai-vos da sorte dos descendentes de Cam,


Cam amaldiçoado no filho – Depois do dilúvio, Noé cultivou a terra e plantou a vinha. Colhida a uva ele a pisou e com ela fez o vinho. Não conhecendo ainda a força do vinho, bebeu até embriagar-se. Retirando-se depois em sua tenda, adormeceu numa postura indecente. O filho Cam, que o viu, correu para dizê-lo à guisa de escárnio aos irmãos Sem e Jafet. Mas estes se envergonharam, e com grande respeito foram de costas cobrir o pai. Despertando e sabendo da ação dos filhos, Noé louvou Sem e Jafet e amaldiçoou o filho de Cam. Os africanos que são os descendentes desse infeliz, trazem ainda o sinal daquela maldição.


O fim trágico de Absalão – Absalão, filho do rei Davi, se rebelou contra o pai, a fim de usurpar o trono dele. Davi mandou contra ele o seu exército para desbaratá-lo. Quando Absalão fugia montado num burro, passou por baixo de um carvalho. Por entre os ramos deste se emaranhou a sua cabeleira comprida, e ele ali ficou despendurado, enquanto o burro continuava a sua carreira. Sabendo disso, Joab, general de Davi, correu lá; e no coração ingrato de Absalão enfiou três dardos, um atrás do outro, e o matou. Depois mandou jogar o cadáver num buraco profundo, e o fez cobrir de um montão de pedras (2 Rs 18).


Eis a sorte dos filhos maus que faltam a seus graves deveres para com os pais: são eles por Deus amaldiçoados no corpo e na alma, e sê-lo-ão na eternidade. Procedei, pois, com vossos pais de modo que mereçais, não a maldição, mas sim a bênção de Deus.



(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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