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XVI – Disposição para a Sagrada Comunhão - Estar na graça de Deus



1 – Que significa estar na graça de Deus


Significa ter a alma pura e limpa do pecado mortal. Quem tem na alma um único pecado mortal, não se acha na graça de Deus; por isso não deve fazer a Comunhão. E, se comungasse nesse estado, cometeria outro pecado mortal, isto é, um horrível sacrilégio. Caros meninos, pelo bem que vos quero, esconjuro-vos a não cometer nem agora nem jamais, um pecado tão grande, como é o sacrilégio. Esta palavra me faz tremer só ao imaginá-la.


2 – Gravidade do sacrilégio


Receber Jesus na alma maculada de pecado mortal, significa trair Deus, como o fez Judas Escariotes.


O pecado de Judas — Recordai aquele fato que dá terror e arrepio. Judas era um Apóstolo, que, dominado, pela avareza, traiu o seu divino Mestre Jesus Cristo. Jesus, sempre bom, havia-o avisado amigavelmente para que não se maculasse com aquele crime; mas Judas não lhe deu atenção, e fez, na última Ceia, a Comunhão em pecado mortal. Depois, dilacerado pelo remorso, ei-lo no desespero que o induz a enforcar-se numa árvore!


Fazer a comunhão em pecado mortal, significa obrigar Jesus Cristo, que é o Deus da santidade, a morar junto com o demônio.


Uma barbaridade de Maxêncio — Uma das mais cruéis barbaridades inventadas pelo tirano Maxêncio era esta. Fazia amarrar um vivo com um homem morto, unindo-os corpo a corpo, boca com boca, olhos com olhos..., e os deixava assim agarrados até o defunto com o fedor e a podridão fazer morrer o vivo!


***


Ora, crueldade ainda semelhante, e até pior, usa quem comunga em pecado mortal, porque une estreitamente Jesus Cristo vivo e glorioso com uma alma morta e podre, a qual aos olhos de Deus é uma coisa mais suja do mundo.


Por isso S. Paulo disse: “Quem comer esse pão ou beber indignamente o cálice do Senhor, será réu do corpo e sangue do Senhor (1 Cor 9, 27).


Deus vos conserve longe de tão horrível desventura, qual seja a Comunhão sacrílega! E todavia, antes de comungardes examinai bem a vossa consciência, e se vos achardes n'algum pecado mortal, fazei uma boa confissão. S. Paulo vos diz: “Prove por isso o homem a si mesmo; e assim coma desse pão e beba desse cálice: Probet autem seipsum homo: et sic de pane illo edat, et de cálice bibat”.


3 – As consequências do sacrilégio


a) A condenação de Deus: Ouçamos ainda S. Paulo que diz: “Quem comunga indignamente, come e bebe a sua condenação (1 Cor 11, 29).


Um costume dos atenienses – Entre os antigos atenienses, quando um réu era condenado à morte, era obrigado a engolir a sua sentença escrita, para saber que sua condenação era irrevogável. Assim acontece a quem comunga indignamente: come também a sua condenação, e se torna objeto de cólera e da vingança de Deus.


b) A aceitação do espírito e o endurecimento do coração.


O conselho de um chefe de ladrões – Um chefe de salteadores tinha em seu bando um jovem tímido que sentia repugnância em cometer o crime. “Vai, diz-lhe o chefe, faze uma comunhão indigna, e não terás mais medo”. O jovem seguiu o infernal conselho e se tornou o maior celerado de toda aquela súcia de assassinos. Eis as miserandas consequências do sacrilégio.


c) O desespero: Após o sacrilégio, penetra facilmente na alma do sacrílego o desespero que leva à impenitência final.


“Eis o meu Juiz!” – Achando-se gravemente enfermo um sujeito que tinha a aparência de um bom cristão, foi chamado o Sacerdote para confessá-lo. Este chegou, e depois de o ter confessado, levou-lhe o Santo Viático. Quando viu entrar em casa o sacerdote com o Santíssimo Sacramento, o moribundo se sentou e, apontando o dedo para Píxide, exclamou: “Eis o meu Juiz! Eis quem me condenará! Fiz mal a minha primeira comunhão e afinal todas as outras...!”. Depois recaiu na cama e morreu miseravelmente.


d) Os castigos de Deus: O sacrilégio atrai amiúde os castigos de Deus nesta terra. Têm-se visto sacrílegos cair fulminados pela morte repentina, logo após a comunhão mal feita.


“Cometi um sacrilégio!”- Numa paróquia da França realizava-se uma vez a comunhão geral dos meninos. Um destes, apenas recebida a Sagrada Partícula, estrebuchou no chão. Correu-se a reerguê-lo: estava frio e sem fala. Levado a uma casa próxima, procurou-se fazê-lo voltar a si. Entrementes eis que chega o Cura, o qual acariciando o pobre garoto, conforta-o com santas palavras: “Sabes que recebeste a Jesus! Confia n'Ele! Ele ajudar-te-á!”. Ao ouvir estas palavras, o menino abriu os olhos e, fixando-os espantados no Cura, exclamou: “Ah! Eu sei... cometi um sacrilégio!”. E não disse mais nada; cerrando os dentes e contorcendo-se horrivelmente, no meio do desânimo dos circunstantes, expirou.


Caros meninos, eu vos repito: Jamais vos deixeis induzir ao sacrilégio. Lembrai, que é melhor para vós não comungar, do que comungar com o pecado na alma. E se por suprema desgraça houvesse entre vós quem já tivesse cometido um sacrilégio? Ou mesmo muitos sacrilégios? Haverá ainda remédio para isto? Sim, há! Pode-se ainda reparar tudo, com uma boa confissão. E Deus, que é infinitamente misericordioso, perdoará tudo.



(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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