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Novena aos Santos Anjos, por São João Bosco - Dia 09



NONA CONSIDERAÇÃO


O santo Anjo da Guarda conforta as almas do Purgatório


Todo o cuidado e toda a solicitude que o Anjo da Guarda manifesta por nossa alma durante a vida tem por finalidade poder um dia levá-la consigo ao Paraíso. Se a alma, por causa das dívidas contraídas durante a vida, deve por algum tempo purificar-se nas penas do Purgatório, que ansiedade não sente o Anjo em vê-la consolada e logo liberada? Com frequência acode para consolá-la, na esperança de que logo se terminem aquelas penas e a alma possa entrar na Jerusalém celeste. Assim se expressa Santo Agostinho: "Não duvidamos de que as almas, durante sua purificação, sejam visitadas e consoladas por seus Anjos, que lhes prometem a Jerusalém celeste".¹ De lá descem à terra estes mesmos Anjos a fim de solicitar orações, esmolas, sacrifícios e indulgências da parte dos fiéis a fim de mitigar aquelas atrozes chamas ou para lhes acelerar o fim. A que se deve, com efeito, o fato de que entre nós se mantenha viva e constante uma terna compaixão para com as almas do Purgatório, senão à incessante solicitude do Anjo da Guarda? Enquanto aquelas pobres almas veem o paraíso aberto sem todavia poder lá entrar, buscam uma consolação que ninguém lhes pode dar a não ser as almas peregrinas da terra. Não podem contudo informá-las a respeito de seu doloroso estado, e é por isso que o Anjo da Guarda não se cansa de convidar os mortais a rezarem por elas. É ainda o Anjo quem oferece a Deus estas orações ou sufrágios, e também, por sua vez, suplica a Deus que se digne abreviar as penas destas pobres almas. Então volta-se para elas, a quem tanto ama, e conforta-as do melhor modo possível: "Serão aliviadas por uma consolação inefável", diz São Lourenço Giustiniani.


Quando o Anjo desce pela última vez para visitar uma alma e levar-lhe a feliz notícia do final de suas penas e do começo de sua bem aventurança, que festa para ambos, que alegria, que contentamento! Renovam-se então as vozes festivas que escutou São João: "Agora foi estabelecida a salvação!" (Apocalipse 12, 10) Eis que é chegado para esta alma o ditoso momento da salvação, momento de misericórdia onipotente, momento em que Deus estende um novo reino sobre um novo eleito. Entre tais transportes de gozo, entre os mais jubilosos hinos de alegria, aquela venturosa alma é conduzida para tomar posse da feliz eternidade, onde unida a todos os outros santos e bem-aventurados, a todos os triunfantes coros dos anjos, recebe a coroa de glória, gozando junto a seu Anjo de todas as delícias celestes por toda a eternidade.


Oh meu amantíssimo custódio, dignar-vos-eis buscar-me dentre os horrores deste penoso

cárcere, a fim de aliviar meus apuros com vossa amável presença e doces consolos? Para

proporcionar-me o suspirado socorro que espero dos fiéis ainda militantes na terra? Oh,

meu Anjo, fazei que eu vos possa honrar e obedecer durante a vida para que também seja

digno de vosso favor após a morte, naquele lugar de dura expiação. Será então recíproca a nossa alegria, vivos e incessantes serão meus agradecimentos quando me conduzirdes para tomar posse daquela inefável felicidade do paraíso.


PRÁTICA


Aplicai-vos o mais que podeis a socorrer as almas dos defuntos que no meio daquelas chamas imploram vosso socorro e compaixão. Na mesma medida em que fizerdes o bem Deus há de inspirar outras almas a fazerem o mesmo em vosso favor. Oferecei hoje as orações do Santo Anjo e do Ângelus, com as indulgências anexas, em sufrágio pelas almas do Purgatório.


EXEMPLO


Nas revelações de Santa Brígida, que foram aprovadas pelos Padres do Concílio de Constância, lê-se que ela viu muitas almas conduzidas ao paraíso pelo Anjo da Guarda. "Eu vi, diz ela, a alma de um soldado que durante quarenta anos sofreu as dolorosas penas do purgatório e que de vez em quando era visitada por seu Santo Anjo. Vi também a alma de um rei, condenado do mesmo modo àquela prisão de fogo. O próprio Salvador disse-lhe que veria seu Anjo, o qual lhe aplicaria, através dos sufrágios da Igreja Militante, os frutos de seu divino sangue." Nós também seremos favorecidos por estes mesmos consolos e sufrágios se correspondermos durante a vida presente às inspirações de nosso Anjo em prol das almas que sofrem no Purgatório.


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1 - Santo Agostinho, Sermões, Sermão 46.

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