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Carta de Broadstairs - Nº 06

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Nova et vetera

(Mat. 13, 52)



Os sequazes do Anticristo – a visão de São João

[extraído da obra do Père Emmanuel, The Drama of the end times, 1885]


I - A Sagrada Escritura, que contém numerosos detalhes a respeito do Homem do Pecado, dá a conhecer um misterioso agente de sedução que dominará o mundo. Segundo São Gregório Magno, esse agente é uma espécie de corpo doutrinário dedicado a propagar por toda parte as doutrinas perversas da Revolução.


O Anticristo terá seus próprios generais e oficiais, e comandará um imenso exército. Mas, mais do que isso, terá a seu serviço falsos profetas, discípulos do demônio, mestres da mentira. Como inimigo pessoal de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele imitará o Divino Salvador cercando-se de numerosos “apóstolos”.


II - No capítulo 13 do Apocalipse, São João descreve uma visão muito semelhante à do profeta Daniel. Emergindo do oceano, ele vê um monstro que reúne todas as características dos quatro animais vistos pelo profeta.


Esse monstro — a Besta — representa o império do Anticristo, formado por todas as corrupções da humanidade. Representa o próprio Anticristo, que está no centro dessa coorte violenta de elementos heterogêneos. Enquanto contemplava essa criatura, São João viu que uma de suas sete cabeças fora mortalmente ferida e depois curada, para assombro do mundo inteiro. Os comentaristas veem nisso um dos prodígios do Anticristo, pelo qual ele próprio, ou um de seus principais tenentes, é gravemente ferido e aparentemente morto, mas depois, por astúcia diabólica, subitamente restaurado à vida, criando um delírio geral por meio de uma mídia crédula.


Então, continua São João, os homens adorarão o dragão — o demônio — que deu tal poder à Besta. Assim, o demônio será publicamente adorado juntamente com o Anticristo, e em seguida sobrevirá a perseguição contra a Igreja por um período de quarenta e dois meses, isto é, três anos e meio.


“E abriu a sua boca para proferir blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, do seu tabernáculo e daqueles que habitam no céu. E foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los; e foi-lhe dado poder sobre toda tribo, povo, língua e nação. E todos os habitantes da terra o adorarão, aqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi imolado desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Aquele que leva outros ao cativeiro, ao cativeiro irá; aquele que mata à espada, à espada deve ser morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos… (Apoc. 13, 3–10)”.

É assim que o Apóstolo descreve a terrível perseguição. A todas as ameaças mais funestas se juntarão todas as formas de sedução, pelas quais um fanatismo delirante lançará o mundo inteiro aos pés da Besta. Mas todos os assaltos do inferno fracassarão diante da paciência e da fé dos santos.


III - São João, nos versículos 11 a 18 do mesmo capítulo, descreve em seguida o grande agente de sedução que conduzirá o espírito dos homens à adoração da Besta. São Gregório, como já vimos, interpreta essa passagem misteriosa em relação ao Anticristo e ao seu séquito de falsos pregadores e falsos apóstolos. Esses “doutores da mentira” serão semelhantes a sábios modernos, mas dotados de poderes aparentemente mágicos.


Eles parecerão semelhantes ao Cordeiro de Deus e imitarão as máximas evangélicas de paz, de harmonia, de liberdade e de fraternidade humana, por meio das quais propagarão o mais descarado ateísmo.


Seu público será composto por todos os réprobos; suas táticas consistirão em proclamar que a humanidade, nos séculos da Fé, esteve mergulhada nas trevas; e anunciarão a vinda do Anticristo como o alvorecer de uma nova era.


Essas proclamações sedutoras manterão as massas como que enfeitiçadas por seus falsos prodígios e poderes místicos, chegando até a conceder o dom da fala às imagens do Anticristo, onde quer que sejam erigidas.


Mais ainda, forçarão os homens, sob pena de morte, a adorar essas imagens falantes, e os obrigarão a trazer na mão direita ou na fronte o sinal da Besta. Quem não tiver essa marca não poderá comprar nem vender, sendo considerado um proscrito culpado de crime capital.


Já vemos os precursores dessa tirania, e do próprio Anticristo, naquelas autoridades que impõem uma educação sem Deus. A Revolução quer ter seu próprio corpo docente, oficialmente investido para descristianizar a juventude, a fim de imprimir nos espíritos de todos a marca do “Estado-Deus”. A educação laica obrigatória não tem outro objetivo e assim prepara a vinda do Anticristo.


Poder-se-ia esperar que o espírito público fosse ainda demasiado cristão para aceitar tal tormento; daí todos os esforços para conduzir os homens a um estado de entorpecimento.


Mas há consolação no fato de que todas essas coisas manifestarão a paciência e a fé dos santos, de acordo com os desígnios misteriosos de Deus.


[Continua]

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