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Boletim da Santa Cruz Nº 45

Torre da capela


BOLETIM

DA

SANTA CRUZ


Nº 45

JUNHO DE 2011

Caros amigos e benfeitores.

Uma terrível calamidade abateu-se sobre nossa cidade de Nova Friburgo. Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim e várias outras localidades também foram bem castigadas. Mas esta palavra é bem escolhida: castigada!? Devemos falar de castigo?

Esta palavra é dura, e nestes momentos devemos sobretudo consolar os aflitos e não sobrecarregá-los de repreensões. Por esta razão, nós consagramos os dias que se seguiram ao flagelo em visitar algumas vítimas, em expor o Santíssimo Sacramento, em pregar e em fazer três dias de procissões suplicando a misericórdia divina. Nossos paroquianos não mediram esforços socorrendo algumas famílias, durante vários dias.

Isto feito, a mesma pergunta volta à nossa mente. Por que este flagelo? Qual a razão deste mal? Em tudo devemos procurar conhecer as causas. Qual a causa de tantas mortes, de tantas famílias desabrigadas, da perda de tantos bens?

Sem querer entrar nos segredos de Deus, que governa todas as coisas e cuja sabedoria é um abismo insondável, interroguemos a Revelação para vermos se ela nos diz algo sobre este enigma, ao menos de um modo geral.

A Revelação está contida na Tradição e na Sagrada Escritura. Ora, uma ou outra nos falam elas das razões dos grandes cataclismos? Sim. E que dizem?

A Tradição, que se manifesta principalmente nas orações contidas na liturgia, nos diz:

“Protegei-nos, Senhor, já que recebemos os vossos santos mistérios, e por vossa misericórdia firmai a terra que vemos tremer com o peso das nossas iniqüidades, a fim de que os mortais saibam que tais flagelos são castigos de vossa mão e o seu termo, efeito de vossa misericórdia.” (1)

E a Sagrada Escritura. Que diz ela? Ela nos diz que o dilúvio foi por causa dos pecados dos homens. Ela nos diz que a terra foi amaldiçoada por causa do pecado de Adão; que Sodoma e Gomorra foram calcinadas por causa dos seus pecados. Onde há punição, há um pecado que é a razão da pena.

Mas muitos dos que morrem são inocentes e muitos dos culpados permanecem ilesos, dirão alguns. Sim. Não estamos no Juízo Final. Estamos ainda no tempo da misericórdia e estes flagelos são sobretudo avisos, advertências para que nos convertamos a Deus. “Quem poupa a vara não ama o filho” diz a Escritura. Logo, Deus ama a cidade de Friburgo e quer sua conversão. Que este aviso não fique sem repercussão nas almas de nossos concidadãos. No caso dos inocentes eles sofrem nos bens temporais, ou seja, nos bens desta vida, mas não nos bens eternos, não nos bens da alma pois eles vão para o Céu se morrem em estado de graça. E se perdem não a vida, mas casa, carro, e outros bens terrenos, eles ganham, pela paciência, grandes méritos diante de Deus.

Nossos pecados são numerosos e nós não nos damos conta nem de seu número, nem de sua gravidade. Todos nós pecamos, uns mais, outros menos; uns mortalmente, outros venialmente; uns, por ignorância, outros, por malícia, outros ainda por fragilidade. Seja qual for a causa, nós devemos nos converter e combater o pecado com a oração e a penitência. Estes flagelos são um sinal de alarme salutar. Ninguém é totalmente inocente. Só Nosso Senhor e Nossa Senhora são inocentes.

Oração e penitência foi o que Nossa Senhora veio pedir em Lourdes e renovou o seu pedido em Fátima.

É toda uma cidade, é toda Nova Friburgo que deve se converter. É o mundo moderno que deve renunciar a seus erros, à sua mentalidade, a seu modo de vida, fruto das doutrinas liberais, veiculadas pelo protestantismo, pela maçonaria e pelo progressismo.

Mas isto é impossível, dirão. O senhor não quer converter toda uma cidade e muito menos, converter o mundo? Para isso seria necessário um dilúvio de graças? Sim, converter Nova Friburgo, converter o mundo é impossível aos homens, mas a Deus tudo é possível. 

Aliás um raio de sol brilhou no céu nublado de nossa cidade. Um raio de sol cheio de esperanças.

Após as chuvas de janeiro nós tivemos a idéia de propor ao prefeito de Nova Friburgo que consagrasse a cidade ao Imaculado Coração de Maria. Após um primeiro contato, em que expusemos as razões de tal iniciativa, nos veio a resposta. Era só marcar a data. Faltavam nove dias para o 13 de maio deste ano. Propusemos pois o 13 de maio que foi aceito. Isto nos permitiu fazer uma novena preparatória à qual o Prefeito e sua esposa se uniram. No dia marcado, no gabinete do Exmo. Sr. Dermeval Barboza Moreira Neto, por volta das oito e trinta da manhã, com a presença do Prefeito, de sua irmã Cristina Mastrângelo, chefe de gabinete da Prefeitura, de alguns monges da Santa Cruz e de quatro fiéis, a cidade de Nova Friburgo foi consagrada ao Imaculado Coração de Maria. Não podemos deixar de ver o dedo de Deus nestes acontecimentos.

Que Nossa Senhora estenda a sua proteção sobre Nova Friburgo e sobre o seu Prefeito ao qual expressamos aqui toda nossa gratidão por este ato corajoso e filial. Que Nossa Senhora proteja também todos aqueles que desejam reagir contra a profunda decadência intelectual e moral de nossa pátria e de todo o mundo moderno que corre para sua ruína se ele não se voltar para Deus através do Imaculado Coração de Maria Santíssima.

Ir. Tomás de Aquino, O.S.B.

(1) Oração que se encontra no missal romano como pós-comunhão, a ser dita na missa, por ocasião de um terremoto.

CONSAGRAÇÃO DE NOVA FRIBURGO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Ato de Consagração

Conscientes de nossa responsabilidade diante de Deus e de nossos concidadãos, conscientes de que nada acontece sem a permissão de Deus, que tempera as alegrias e as dores em vista da salvação eterna de seus filhos, conscientes de que os flagelos não têm outra razão senão os nossos pecados, conscientes, enfim, de que Deus Ele mesmo nos deu Maria Santíssima, Mãe de seu eterno Filho, por Medianeira de todas as graças e auxílio de todos os que a ela recorrem, nós, com ardente amor filial, consagramos hoje a cidade de Nova Friburgo ao Imaculado Coração de Maria, pedindo-lhe que afaste de nossa cidade toda e qualquer calamidade e, acima de tudo, nos obtenha a graça de nos afastarmos daquilo que mais ofende a soberania divina, ou seja, nossos pecados, causa dos males que sobrevieram sobre nós na terrível catástrofe do doze de janeiro deste ano de graça de dois mil e onze.

Ó Mãe Santíssima, animados por um profundo amor filial, nós vos consagramos nossa cidade, nossas pessoas e nossos bens. Cuidai de uns e outros como coisa e propriedade vossa. Protegei nossas almas, nossos corpos, nossas famílias, nossos parentes e nossos amigos.

Nós vos reconhecemos por nossa Mãe e por Mãe de Deus. Nós reconhecemos vossa Imaculada Conceição e todos os privilégios que Deus vos concedeu.

Muitos vos desconhecem, muitos vos abandonaram, mas tende piedade de todos e estendei vossa proteção sobre toda a nossa cidade.

Assim seja.

DOUTRINA

Expomos aqui alguns textos, reflexões e informações que nos auxiliam a compreender melhor o nexo entre os pecados dos homens e os castigos de Deus e a necessidade de recorrermos à maternal proteção de Maria Santíssima.

I – A causa dos flagelos naturais segundo o ensinamento tirado da vida dos santos

“Há perto de seis meses a cidade de Nocera estava enlutada porque o céu, brônzeo como nos dias do profeta Elias, não deixava cair uma gota d’água. Se a seca se prolongasse um pouco mais, seria inevitável a perda da colheita e a carestia. O povo chorava refletindo sobre o futuro, e Afonso deplorava os pecados do povo, que são a causa desses flagelos. Um domingo, a 15 de maio, empreendeu, embora muito fraco, uma procissão de penitência para abrandar a cólera divina; revestiu-se de seus hábitos roxos, cobriu-se de cinzas e, a corda ao pescoço, dirigiu-se com seus religiosos para a matriz, a fim de lá levantar uma grande cruz. Como o trajeto era demasiado longo, constrangeram-no a fazer de carro a metade do caminho; mas, a despeito de todas as insistências, fez a pé a segunda metade, amparado por dois de seus servidores.

Toda a cidade assistiu a essa comovente cerimônia. Tanto a igreja como o largo estavam apinhados de pessoas. O santo ancião quis aproveitar-se da ocasião para exortar os pecadores ao arrependimento. Para que a multidão o pudesse ouvir, levaram o púlpito fora da igreja e, não podendo o santo subir, os fiéis lá o colocaram suspendendo-o em seus braços. Por mais de uma hora o santo invectivou contra o pecado mortal, que não só ofende a Deus, mas também atrai sobre uma população inteira os mais terríveis castigos. Homens, mulheres e crianças, os olhos arrasados de lágrimas, batiam no peito pedindo a Deus o perdão dos seus pecados. À tarde, todos os confessionários estavam assediados.

O céu parecia insensível às preces daquele povo aflito. Oitos dias passaram sem a menor variação da atmosfera. A 24 de maio, segunda-feira de Pentecostes, Afonso voltava do seu passeio de carruagem para casa, quando, já perto da casa, ordenou ao cocheiro que voltasse e o conduzisse a uma determinada igreja dedicada à Santíssima Virgem. Vendo-o descer do carro e entrar na igreja, a multidão acorreu para rezar com ele. O santo mandou expor a imagem da Virgem e exortou os assistentes a recorrer com confiança à sua intercessão onipotente. Depois de haver rezado algum tempo em silêncio, voltando-se para a multidão disse com um tom de segurança: “Continuai a recomendar-vos à Madona, confessai-vos e comungai esta semana: domingo tereis chuva.” A predição espalhou-se logo pela cidade e redondezas.

A semana inteira o céu conservou sua implacável serenidade; o domingo não apresentou a menor mudança, e já diziam todos que dessa vez o santo fora mau profeta, quando subitamente, pela tarde, uma revolução se opera na atmosfera, num instante o céu cobre-se de nuvens e a chuva cai tão copiosa que inunda todos os campos. As preces do servo de Maria foram atendidas e o hosanna popular retumbou por muito tempo, glorificando-o tanto nas cidades como nos campos.”

(Santo Afonso de Ligório, pelo Rev. Pe. Berthe, pág. 646-7)

II – As Modas indecentes e a Maçonaria

A Maçonaria não está isenta de culpa no que diz respeito a decadência dos costumes que todos podem constatar no nosso país e, em particular, em Nova Friburgo, inundada de propagandas indecentes para alimentar o comércio da dita, para não dizer maldita, moda íntima, com seus desfiles, cartazes e tudo o mais.

Num livro editado em 1931 que reúne os 100 primeiros números da antiga publicação “Raios de Sol” encontramos as seguintes informações sobre o papel da maçonaria na corrupção dos países católicos.

“Persuadamo-nos intimamente de uma coisa: no dia em que tivermos o apoio e auxílio da mulher, então, e só então, seremos realmente vitoriosos das superstições; mas enquanto não tivermos conseguido arrancar e subtrair as nossas filhas aos ensinamentos da Igreja, os nossos esforços ficarão infrutíferos, condenados a um deplorável malogro.” E o que queriam estes ilustres maçons das mulheres? Eles queriam que elas não fossem mais as educadoras, mas sim as corruptoras do gênero humano.

Os maçons ensinavam uma metódica progressão na diminuição das vestes para chegarmos onde chegamos hoje. O nu artístico, o nu higiênico, a beleza corporal admirada, exposta ao sol e aos olhares de todos. Não é sem razão que Gregório XVI escrevia a respeito da maçonaria: “cloaca em que estão amontoadas e amalgamadas as escórias de quanto há de mais sacrílego, infame e blasfemo nas heresias e nas mais criminosas seitas.” Leão XIII, por sua vez, vai à raiz do mal, denunciando a doutrina do naturalismo, que é o fundamento do ensinamento maçônico, que recusa a Revelação e, portanto, recusa todo o ensinamento da Igreja.

Mas o pior não é ver o inimigo da Igreja atacá-la com todas as suas armas. O pior é ver os católicos marcharem sob o estandarte da maçonaria pensando que estão marchando sob o estandarte da Igreja. Este mal nos veio pelo liberalismo que é uma deserção do combate que devemos travar contra o Mundo inimigo de Deus. Este liberalismo foi promovido por Vaticano II e o resultado está diante dos nossos olhos. Mesmo as moças e senhoras católicas adotam os modos de se vestirem inspirados nos princípios do naturalismo, difundidos pelas seitas maçônicas: “Vestir o menos possível para despir o mais possível.” Eis o que poderíamos chamar de lema dos alfaiates e modistas modernos. É tempo de voltarmos aos ensinamentos da Santa Igreja cuja Tradição é imutável e inspiradora da verdadeira e única civilização que procede de Deus e a Ele conduz.

Que o Imaculado Coração de Maria Santíssima esmague as seitas satânicas que corrompem o nosso povo brasileiro e faça brilhar novamente em nosso país a verdade e a santidade, e de modo especial em Nova Friburgo.

*Os artigos publicados de autoria de terceiros não refletem necessariamente a opinião do Mosteiro da Santa Cruz e sua publicação atêm-se apenas a seu caráter informativo.

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