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VOZ DE FÁTIMA, VOZ DE DEUS Nº 68

22 de setembro de 2018

Vox túrturis audita est in terra nostra”    

(Cant. II, 12)

UNA CUM

A liturgia faz o sacerdote rezar assim pela Igreja e por seus pastores no cânon da missa:

“IN PRIMIS, quæ tibi offérimus pro Ecclésia tua sancta cathólica: quam pacificáre, custodíre, adunáre et régere dignéris toto orbe terrárum: una cum fámulo tuo Papa nostro (nome do Papa) et Antístite nostro (nome do bispo local)….

Algumas pessoas, porém, objetam que atualmente está ultima parte, em negrito, deve ser omitida, pois, afirmam, não se devem nomear as autoridades da Igreja nesta oração, ou porque elas são heréticas (modernistas e liberais) e, portanto (segundo aqueles), não são verdadeiras autoridades, verdadeiro papa nem verdadeiros bispos; ou então porque, embora sejam ainda papa e bispos, não devem ser nomeados aí pois não estamos  em comunhão ou em união com hereges nem com seus erros. Vamos procurar responder de maneira sucinta a estas objeções em alguns números da “Voz de Fátima, Voz de Deus”.

Comecemos por considerar que “una cum”, nesta oração, apesar de ter sido traduzida por “em união com” em vários missais para os fiéis, não é a tradução mais exata para o caso. Antes de demonstrá-lo, vejamos como ela fica se for traduzida dessa maneira:

“Primeiramente, vo-los oferecemos por vossa Santa Igreja Católica, para que vos digneis pacificá-la, guardá-la, uni-la e regê-la em toda a terra, em união com vosso servo nosso Papa (…) e nosso Bispo…

A princípio, não parece haver problema algum em traduzir assim, mas tomemos agora a mesma oração rezada nas missas do próprio Papa: “Offerimus pro Ecclesia (…) una cum me famulo tuo indigno…”; e do próprio Bispo diocesano: “una cum me (…) indigno servo tuo”. Aqui fica claro que essa tradução não convém, pois obviamente a Igreja não os faria rezar em união consigo mesmos. Qual tradução conviria, então, para que tal oração fizesse sentido? Ei-la: “… vo-los oferecemos por vossa Igreja, e com ela, por vosso servo nosso Papa e nosso Bispo…”.  E assim ficaria nas missas do Papa e do Bispo: “(…) e com ela, por mim, vosso indigno servo…”. A locução “una cum”, em latim litúrgico, frequentemente não significa em comunhão ou em união com. Quem tiver interesse poderá ler o estudo dos dominicanos de Avrillé sobre o assunto, publicado no Sel de la terre (nº 37, pp. 240-249), que o explana longamente. Mas, para dar um exemplo, tomemos do martirológio romano o dia de São Julião (16 de março), onde se diz que o mártir fora lançado ao mar em um saco com serpentes (in sacco una cum serpentibus) e certamente não “em comunhão” com elas.

Recomendamos a leitura das « Dubia sobre o sedevacantismo », feitas pelo Rev. Pe. Jean, O.F.M. Cap, publicadas na Circular Geral dos Cavaleiros de Nossa Senhora n° 04.185, de 29 de setembro 2016 (Chevaliers de Notre Dame – Circulaire Générale 04185, 29 septembre 2016), de onde tiramos os argumentos aqui apresentados.

Que os nossos sacerdotes continuem a rezar nas missas, fonte de todas as graças que Deus derrama sobre o mundo, POR nosso Papa e pelos bispos, que precisam mais do que nunca, para sua conversão.

Continuaremos o assunto em próximos números, com o auxílio de Nossa Senhora.

Fr. Pedro José, terceiro OP

U.I.O.G

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