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Comentários Eleison nº 861


Por Dom Williamson

Número DCCCLXI (861) – 13 de janeiro de 2023

 

VIGANÒ SEDEVACANTISTA? - II

 

Se uma alma busca a Autoridade de Deus,

Que o faça somente em uma direção: a Igreja Católica!

 

Desde que o Arcebispo Viganò, outrora o número quatro na Secretaria de Estado, deixou para trás o Concílio Vaticano II e todas as suas pompas e obras, algumas das observações dele sobre o Papa Bergoglio têm sido tão cáusticas, que muitos católicos se perguntam se esse Arcebispo ainda o considera Papa. Será que ele se uniu às fileiras dos “sedevacantistas”, ou seja, aqueles católicos que consideram que a Sé de Pedro está vacante desde que aquele maldito Concílio causou tantos danos à Igreja Católica? Como é possível que Papas verdadeiramente católicos tenham presidido esse Concílio e suas consequências?

 

O problema é angustiante, porque com esse Concílio a Autoridade Católica separou-se da Verdade Católica, forçando os católicos a abandonar uma ou outra, total ou parcialmente, já que não podiam mais seguir a ambas. Os católicos ou se agarravam à Verdade e “desobedeciam” mais ou menos ao que parecia ser a Autoridade Católica, ou se agarravam à “Autoridade” falsificada e tornavam-se mais ou menos infiéis à Verdade imutável. Quanto ao Arcebispo Viganò, durante dezenas de anos após o Concílio (1962-1965) ele permaneceu fiel aos seus colegas e companheiros dos mais altos escalões da Autoridade da Igreja, porque, segundo a sua própria confissão, “não podia acreditar que eles pretendiam destruir a Igreja”. Mas em 2018, deparou com tamanha corrupção nos Estados Unidos da América, onde era Núncio Papal, e também na Cúria do Vaticano, que se viu obrigado a procurar a causa proporcionada, e encontrou-a no Concílio. A partir dali, encontrou-a especialmente no Papa conciliar do seu tempo, o “jesuíta argentino”, como ele o chama, sobre quem fez comentários tão contundentes, que muitos observadores foram levados a perguntar-se se esse Arcebispo ainda acreditaria que Bergoglio seja Papa.

 

Vejamos o que disse em 9 de dezembro. (Ver os “Comentários de Eleison” da semana passada [n° 860 de 4 de janeiro] para um resumo de seis parágrafos do que ele disse, ao que correspondem os seguintes números em letras maiúsculas. Melhor ainda é buscar na Internet as palavras originais completas, acessíveis em inglês em catholicfamilynews.com ou lifesitenews.com.)

 

1 – Nos últimos 10 anos, a Igreja Católica foi entregue à revolução e ao caos.

 

2 – Os Cardeais e os Bispos deveriam bloquear essa destruição, mas eles mesmos são demasiado conciliares para fazê-lo.

 

3 – A Autoridade da Igreja está tão paralisada, que isto só se explica pela “operação do erro” predita para o fim do mundo.

 

4 –Bergoglio, assim, é um usurpador no Trono de Pedro. É um falso profeta. Não temos de obedecê-lo.

 

5 – Porém, não temos autoridade para declarar oficialmente que ele não é Papa, e, portanto, não há solução humana.

 

6 – Nem toda a nossa batalha é meramente entre homens, e pensar assim é um convite a problemas ainda mais sérios.

 

Aqui está um mero esqueleto da rica argumentação do Arcebispo – ver o original para deixá-lo falar por si mesmo –, mas é suficiente para indicar que ele se afasta do “sedevacantismo” público. Depois de haver dedicado a maior parte do seu discurso (1-4) a construir a acusação contra aquele a quem chama “Bergoglio”, Dom Viganò chega ao ponto culminante no qual proporá a sua própria solução (5). Aqui é bem possível que ele mesmo compartilhe a convicção de muitos católicos sérios de que este ou aquele Papa conciliar, desde João XXIII até Francisco inclusive, não tenha sido verdadeiramente Papa, mas essa convicção, comum a muitos católicos ditos tradicionalistas, nunca pode equivaler a uma declaração oficial da Igreja, e qualquer declaração nesse sentido terá de esperar até que a Madre Igreja se recupere do atual ataque mortal do modernismo, uma enfermidade mental dificilmente curável.

 

Entretanto, esta parada pública do Arcebispo Viganò no caminho para o sedevacantismo é altamente razoável, porque salvaguarda em uma mente e em um coração católico uma medida de respeito pela Autoridade Católica que de outro modo poderia perder-se completamente. Ai da Tradição Católica, ou da sua “Resistência”, se perdesse todo o respeito pela Autoridade Católica, porque esta é divina, e algum dia deverá voltar, decerto voltará, com força total, tal como o sol depois de um eclipse, e antes do fim do mundo.

 

Kyrie eleison.

*Os artigos publicados de autoria de terceiros não refletem necessariamente a opinião do Mosteiro da Santa Cruz e sua publicação atêm-se apenas a seu caráter informativo.

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