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Sermões: 12º Domingo depois de Pentecostes (2013)

Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX XII Domingo depois de Pentecostes 2013


O Santo Evangelho de hoje inicia-se com as palavras de Nosso Senhor: “Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes. Com efeito, eu vos digo que muitos profetas e muitos reis desejaram ver o que vós vedes e não viram: desejaram ouvir o que vós ouvis e não ouviram”.

E nós que temos a missa de sempre: quantos quiseram e querem tê-la e não a tem? Os franciscanos da Imaculada, segundo as informações recebidas, na última semana foram privados da missa tradicional cotidiana. Seus padres estão proibidos de a celebrarem a não ser com permissão especial e ocasionalmente. E, no entanto, nesta congregação próspera em vocações, muitos eram os que rezavam a missa de São Pio V, que a desejavam para toda a congregação, que desejavam estudar os textos de Dom Lefebvre e de Dom Antônio de Castro Mayer, desejavam ouvir e ver a verdadeira doutrina e a verdadeira liturgia e não o podem mais. Até as crianças das quais eles cuidavam em Anápolis foram retiradas na semana passada do colégio do Pe. Fernando por ordem do Superior Geral.

“Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes”. Estas palavras nos são dirigidas e elas trazem consigo uma responsabilidade. Inúmeras almas pelo mundo inteiro desejam a verdadeira doutrina e a verdadeira missa e não a têm. Para só falar do Brasil, podemos indicar uma longa lista de cidades que pedem assistência de padres da Tradição e nem todas podem ser atendidas.

Mas o Evangelho de hoje continua e Nosso Senhor fala da caridade que consiste em amar a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todas as nossas forças e de todo o nosso espírito e ao próximo como a nós mesmos.

Ora, a crise que nós estamos vivendo, apesar de ser fundamentalmente uma crise de fé, é principalmente uma crise de caridade. Todos os grandes erros que arruínam a fé católica são acompanhados de pecados contra a caridade.

O ecumenismo é um pecado contra o mandamento de amar a Deus, pecado contra o primeiro mandamento da lei de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus”. Amarás quem? Os falsos deuses? Mas, diz a Sagrada Escritura, “os deuses dos pagãos são demônios”. Amar os falsos deuses é, pois, não amar o Senhor, nosso Deus. Mas se Ele é nosso, Ele não é o deles, não é o dos pagãos. Devemos, pois, amar o nosso Deus e deixar os pagãos amarem o Deus deles? Evidentemente que não.

Todas as criaturas são de Deus e todas elas devem adorar o verdadeiro Deus, pois todas foram criadas por Ele. Todas lhe devem tudo: a existência e a redenção. Todas devem adorar Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Nosso Senhor Jesus Cristo, Criador, Redentor e Rei de todo o universo.

Mas como podem ser redimidos se não creem no verdadeiro Deus? “Um homem”, diz Nosso Senhor”, “descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de ladrões que o despojaram e lhe infligindo graves feridas o deixaram semi-vivo”. Este homem é Adão e todos os seus filhos, toda a humanidade. Despojado da graça e ferido na natureza, eis o estado de Adão e de seus filhos. Despojado da graça que eleva, que ilumina, que comunica o fogo da caridade. Ferido com gravíssimas chagas na sua natureza. Chagas na inteligência, na vontade e na sensibilidade.

Eis ai o retrato do mundo moderno e do mundo desde Adão até nós. Um mundo despojado da graça e ferido na sua natureza. Vejam suas ações. Todas elas ou quase todas se caracterizam por estas chagas inflamadas e cheias de pus.

O mundo se diverte? Aí vemos uma sensibilidade ferida, desregrada, exasperada, oscilando entre o prazer e o furor de uma violência sem freios, ou unindo os dois em atos indignos de seres humanos.

Consideramos o mundo do ponto de vista da justiça? Aí vemos a matança de inocentes na II Guerra Mundial, no aborto, nas ruas e até nas famílias, como Caim matando Abel, ou como assassinatos recentes dos quais falam os jornais.

Se considerarmos a inteligência, vemos os homens semelhantes a corujas que veem bem à noite e ficam cegas de dia. Os homens veem bem o que é da terra, a técnica, o comércio, o esporte e são totalmente cegos quando se trata de Deus.

Que estado lamentável o da humanidade que se prepara a cada ano grandes festividades como a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo, as Olimpíadas, os congressos da ONU, etc. Vãs alegrias, ambíguas alegrias! E onde mesmo há algo de naturalmente bom ou indiferente, como no esporte, ou onde pode haver alguma boa vontade, da parte de algum católico, que fica alegre de ver o Santo Padre, por exemplo, há aí um terrível equívoco. E que equívoco é este, em se tratando da Jornada Mundial da Juventude?

É que as fontes da graça são secadas por aqueles mesmos que conseguem reunir 3 milhões de pessoas para assistirem a uma missa.

A crise se agrava. Os franciscanos da Imaculada são proibidos de rezarem a missa de sempre e a missa nova reúne 3 milhões de pessoas. Mas isto não é um bem? Não. Por quê? Porque a missa nova é uma missa bastarda, ilegítima. E quais são as consequências desta missa bastarda? As consequências são graves. Assim como os cismáticos têm os sacramentos, mas não têm a graça dos sacramentos, assim os progressistas têm, cada vez menos, a graça dos sacramentos.

Mas, como? Como? Pelo fato de a Missa Nova se afastar da doutrina católica e de se aproximar da heresia protestante tanto os sacerdotes como os fiéis vão se afastando das condições necessárias para receberem a graça do sacramento e do sacrifício da Eucaristia. Nova Missa, nova teologia, nova moral.

Nova moral para agradar aos homens; moral onde pecados graves são permitidos; moral onde o uso de anticoncepcionais é permitido, o divórcio e o aborto tolerados – e tendem a ser cada vez mais tolerados – sem falar de outros pecados mortais.

Resultado: as pessoas comungam em estado de pecado mortal. Comungam e não recebem a graça. Têm o sacramento, mas não a graça do sacramento. E isto quando têm ainda o sacramento, pois se o sacerdote não tiver mais a intenção de fazer o que faz a Igreja, se ele não tiver mais a intenção de renovar o sacrifício do Calvário que se renova em nossos altares, então não há mais missa. Não há nem a graça do sacramento, nem o próprio sacramento. Eis aí o mundo, espoliado na graça, privado da graça e ferido na natureza.

Passaram um sacerdote e um levita e eles não fizeram nada pelo infeliz que jazia à beira do caminho. Mas passou um samaritano que teve misericórdia.

Este samaritano é Nosso Senhor, este samaritano são os discípulos de Nosso Senhor, este samaritano é São Pedro, é São Paulo, é o Pe. José de Anchieta, é Dom Lefebvre, que movido de misericórdia foi por todas as partes do mundo levar o remédio, curar as feridas, iluminar as inteligências, trazer as ovelhas de volta para o redil. Eis aí o verdadeiro samaritano.

Verdadeira samaritana é Santa Teresinha do Menino Jesus, vivendo no segredo de um carmelo, mas estendendo sua mão aos céus para a salvação de muitos. Verdadeiro samaritano é Dom Antônio de Castro Mayer, que embora tenha feito menos que Dom Lefebvre, foi o único bispo que, com Dom Lefebvre, se manifestou firmemente e publicamente pelas infelizes almas que jaziam à sombra da morte. Mais tarde Dom Salvador Lazo também deu seu testemunho em defesa da Fé.

Como diz Dom Lefebvre, “o que é um mistério é que não tenha havido 50, 100 bispos a agirem como Dom Antônio de Castro Mayer e eu mesmo, de agirem como verdadeiros sucessores dos apóstolos, contra os impostores”. Ou seja, contra estes ladrões do qual fala o Evangelho de hoje, ladrões que se unem ao demônio para perderem as almas.

“Não é orgulho”, continua Dom Lefebvre, “dizer que Deus, na sua misericordiosa Sabedoria, salvou a herança de seu sacerdócio, de sua graça, de sua Revelação, através destes dois bispos” (ele e Dom Antônio de Castro Mayer).

Eis por que, amados irmãos, nós devemos ler, estudar e amar o que foi transmitido por Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer para que, levados a estalagem da Santa Igreja, nós possamos viver da graça e obter a vida eterna pela intercessão da Virgem Maria, nossa Mãe Santíssima. Assim seja.

Dom Tomás de Aquino O.S.B.

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