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Carta de Broadstairs - Nº 02


Nova et vetera

(Mat. 13, 52)


O Padre Emmanuel (1826 – 1903) re-cristianizou sua pequena aldeia francesa de Mesnil-Saint-Loup numa época em que a maçonaria trabalhava intensamente para implementar a revolução, mesmo nos cantos mais remotos do país. Ele chegou até a fundar um pequeno mosteiro ao lado de sua igreja paroquial, para que seu ministério, que durou 54 anos, fosse o mais frutífero possível.


As armas preferidas dos maçons eram as modas, a opinião pública e a política partidária — contra as quais ele resistiu com coragem. Homem de inteligência e estudo, imerso nas obras de São Tomás de Aquino, ele publicou em seu boletim paroquial Notre-Dame de la Sainte Espérance, de 1883 a 1886, uma série de artigos de estudo sobre a história da Igreja. Estava convencido de que cada alma precisava ser mergulhada em todas as verdades, pois essa é a obra do Espírito Santo na alma.


A última parte dessa obra trata do Drama do fim dos tempos e está em harmonia com os escritos de outros eclesiásticos notáveis da época, como Monsenhor Gaume e Monsenhor de Ségur. Falar sobre o fim dos tempos hoje parece ser algo reservado às seitas ou aos filmes sensacionalistas, mas, como esse tema é tratado várias vezes nas Sagradas Escrituras, é importante que sejamos instruídos sobre a segunda vinda de Cristo e a desolação que a precederá. Como afirma o próprio autor: “Não temos a intenção de assustar ninguém ao tratar deste assunto. Pelo contrário, os grandes ensinamentos vêm acompanhados de grandes consolações.”


Os erros do tempo presente e a aceleração de sua aplicação devem nos levar a refletir seriamente sobre esse tema antes que o Anticristo entre em cena no palco mundial. Adiar essa reflexão seria imitar a atitude dos contemporâneos de Noé, que não estavam preparados para o dilúvio. Evitar esse tema é colocar-se em perigo. Também é perigoso não compreender o significado dos acontecimentos dos quais somos testemunhas e dos que ainda enfrentaremos no tempo devido. Há ainda o risco de escandalizar-se diante do aparente triunfo do mal, de perder a fé em Cristo e de deixar de observar os Mandamentos diante da crise apocalíptica.


A introdução trata do futuro da Igreja, após as considerações anteriores sobre seu passado e seu presente. Deus Todo-Poderoso quis que o destino da Igreja e de Seu Divino Filho fosse descrito antecipadamente nas Sagradas Escrituras — e é lá que estão os documentos sobre esse assunto. A Igreja deve, antes de tudo, assemelhar-se a Nosso Senhor e, por isso, antes do fim do mundo, ela passará por uma Paixão suprema que manifestará seu imenso amor por seu Divino Esposo.


É certamente um espetáculo triste ver a humanidade, seduzida e invadida pelo espírito do mal, tentando sufocar e destruir a Igreja — sua mãe e guardiã divina. Enquanto os homens trabalham para esse fim na terra, são guiados por forças que não são deste mundo. É a fé que nos permite compreender os acontecimentos da história e ver como o espírito impuro tenta constantemente entrar na casa da qual Nosso Senhor o expulsou. No fim, ele entrará e tentará eliminar Nosso Senhor. Então os véus se rasgarão, e o sobrenatural se manifestará num drama exclusivamente religioso que envolverá todo o mundo — e no qual o caráter divino da Igreja se revelará de modo maravilhoso.


Todas essas profecias têm por objetivo fortalecer a alma dos fiéis nos dias de grande provação: “Vigiai e orai para que sejais tidos por dignos de escapar de todas essas coisas que hão de acontecer, para que não entreis em tentação, para que conserveis a fé, para que não adormeçais, mas para que possais estar de pé diante do Filho do homem” (Mateus 26; Lucas 21).


Se o mal estará, então, solto por toda parte, ao mesmo tempo estará mais do que nunca nas mãos de Deus. Assim como Nosso Senhor foi entregue nas mãos de Seus inimigos, mas sem que nenhum osso lhe fosse quebrado, o mesmo acontecerá com os membros da Igreja — os eleitos, os verdadeiramente humildes — por amor aos quais os dias da provação serão abreviados.


O tempo da provação terminará com um grande triunfo da Igreja, comparável a uma ressurreição. Naqueles dias, entre os prelúdios da crise suprema, todas as nações se converterão, assim como os judeus — seja antes, seja durante a vitória da Igreja.


Assim, se aplicam à Igreja as palavras do salmo:


“Depois da multidão de aflições que encheram meu coração,

Vossas consolações, Senhor, alegraram minha alma.”

*Os artigos publicados de autoria de terceiros não refletem necessariamente a opinião do Mosteiro da Santa Cruz e sua publicação atêm-se apenas a seu caráter informativo.

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