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827 itens encontrados para ""

  • Formação de acólitos em Avrillè

    + PAX Nosso Irmão Geraldo Maria nos envia atualizações de Avrille, onde realizou uma reunião formativa para acolitato. U.I.O.G.D.

  • Comentários Eleison nº 868

    Por Dom Williamson Número DCCCLXVIII (868) – 02 de março de 2024 HONRANDO OS APÓSTATAS A Neofraternidade não se compromete? Honrar os apóstatas não é algo sábio! Se estes “Comentários” algumas vezes chocam as almas piedosas pela forma como podem referir-se à Neoigreja (desde 1965) ou à Neofraternidade Sacerdotal São Pio X (desde 2012) de uma perspectiva positiva em relação a algo em específico, saibam elas que é tão somente por razões pastorais. E isto se dá porque muitos católicos estão segurando a sua Fé Católica pelas pontas dos dedos através da Neoigreja ou da Neofraternidade, e sem a Neoigreja ou a Neofraternidade eles poderiam facilmente abandoná-la. Em muitos desses casos certamente se aplica o provérbio: “Melhor meio pão do que nenhum pão”. Por outro lado, por razões doutrinais, esta forma de manter a Fé tem os seus sérios perigos, porque tanto a Neoigreja como a Neofraternidade fizeram compromissos doutrinários que são perigosos para a preservação da Fé Católica. Eis uma lição valiosa no artigo que se segue, escrito por um monge beneditino do Mosteiro da Santa Cruz, próximo ao Rio de Janeiro. Enviamos a “Arsenius” (seu pseudônimo) os nossos sinceros agradecimentos. Desde a oficialização do humanismo, por obra dos Padres Conciliares do Vaticano II (1962-1965), os Papas e seus assessores só avançam em um plano fortemente inclinado para o abismo, com a característica própria da queda: a aceleração contínua à medida que a queda se precipita. Esse quadro não é, de modo algum, propício a causar em nós a mínima esperança de um vislumbre de desejo de qualquer um deles no sentido de ajudar, sob qualquer forma, a Tradição (entendida como sendo simplesmente a Santa Igreja). Apesar disso, houve quem não só tivesse essa esperança, mas uma estranha certeza de que as coisas estavam melhorando (?) em Roma com relação à Tradição (no sentido, agora sim, de um grupo que quer entrar em uma condenável “unidade na diversidade”). E essa foi a causa da tão enigmática (para muitos) separação entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e a chamada Resistência. O ano de 2012 foi definitivo para a divisão de águas: o Capítulo Geral da Fraternidade muda a resolução do Capítulo Geral de 2006: antes, a Fraternidade se comprometia a não fazer acordo com Roma enquanto nesta não triunfasse a verdade católica. Agora, o acordo prático é desejado, sem que essa verdade haja voltado à cabeça do Papa e de seus assessores. Dom Williamson é proibido de comparecer ao Capítulo. Depois ele é expulso da Fraternidade. Os anos seguintes vão ser palco de uma aproximação cada vez mais marcante entre Roma e a Fraternidade: gradativamente, Roma torna “legítimos” matrimônios, ordenações sacerdotais e confissões administrados pela Fraternidade. Isso seria a concretização da famosa frase “Roma dá tudo e não pede nada”? A qual seria, assim, uma realidade e não uma ilusão? Poderíamos responder que isso foi apenas uma maneira de fazer com que a Fraternidade agisse, dali para o futuro, cada vez mais, somente com a aprovação da Roma modernista, sem mais basear sua atividade no estado de necessidade geral e grave, pois este haveria perdido sua realidade a partir do momento em que a Tradição teria sido “oficializada” por Roma, a qual, no entanto, estaria esperando o dia em que iria “puxar o tapete”, colocando a Fraternidade diante de uma perplexidade na qual ela mesma se colocou. Mas, talvez, o recente anúncio de que a Fraternidade vai sagrar um ou mais bispos sem a permissão de Roma, seja um sinal de que tudo vai voltar à situação como era antes do ano de 2012. Isso nos parece, infelizmente, quase impossível. Uma volta ao mesmo espírito combativo de Dom Lefebvre contra os inimigos da Igreja instalados em Roma parece-nos uma herança majoritariamente perdida dentro da Fraternidade. O futuro nos parece sombrio, apesar de que Deus não deixa de agir em muitas almas através da ação dos membros da Fraternidade. Mas isso não impede de constatar que ela deveria corrigir vários de seus princípios de ação. Uma coisa é certa, quanto maiores são os escândalos dados no atual pontificado, tanto maior é a possibilidade de que se desvaneçam as ilusões de aproximação com a Roma atual. Que Nossa Senhora nos faça compreender bem e amar profundamente a Igreja de todos os séculos, a qual não se identifica com esta caricatura construída no Concílio Vaticano II e na sua posterior aplicação, através dos pontificados que se lhe seguiram. Kyrie eleison.

  • DOM ANTÔNIO DE CASTRO MAYER

    Por S. Exa. Revma. Dom Tomás de Aquino, O.S.B. Que diria Dom Antônio de Castro Mayer sobre a situação atual da Tradição? Que diria ele da disposição ou do desejo, que vimos durante os anos do governo de Dom Fellay, para chegar um acordo? Teria certamente reprovado tal imprudência, para não dizer mais. Dom Antônio de Castro Mayer tinha doutorado em filosofia e teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. Ele sabia do que estava falando, quando atacava os erros do Vaticano II. "Eis que o II Concilio do Vaticano, escrevia ele, constitui-se numa anti-Igreja.".¹ É forte, mas qualquer diminuição dessa verdade fragiliza o combate pela Tradição. No Vaticano II, os inimigos da Igreja ergueram a cabeça. São os que acreditam que venceram, e é verdade, em parte. Eles agora estão nos postos de comando da Igreja. Perseguem aqueles que se lhes opõem.  Perseguiram Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer. Fizeram de tudo para destruir suas obras. Eles conseguiram com Campos e certamente esperam conseguir com toda a Tradição, mas não conseguirão. Sempre haverá um católico, um padre, um bispo que guardará o depósito da fé. Se perguntamos a Dom Antônio de Castro Mayer qual é a essência dessa apostasia que está corroendo a Igreja, o que ele responde? Responde-nos que a essência dessa apostasia está no Vaticano II. “Diríamos que a melhor maneira de abandonar a Igreja de Cristo, Católica Apostólica Romana, é aceitar, sem reservas o que ensinou e propôs o Concílio Vaticano II. Ele é a anti-Igreja.”² Um dia, Roma voltará à Tradição e a Roma neomodernista e neoprotestante será expulsa. Rezemos por isso. Trabalhemos para isso, tendo sempre diante dos olhos o ensinamento da Tradição, o de Dom Lefebvre e o de Dom de Castro Mayer. Eles são os heróis dessa Tradição e, certamente, os mártires da Tradição, as testemunhas que deram tudo de si em defesa do ensinamento da Igreja. Guardemos vivo seu ensinamento. _____________ 1 e 2: O pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer, páginas 17 e 18, Editora Permanência.

  • XXIX – As Más Leituras - A necessidade de evitar as más leituras

    A árvore da ciência do bem e do mal – Nossos primeiros pais, no Paraíso terrestre, foram por Deus submetidos a uma prova. Tratava-se de vida ou morte se obedecessem ou desobedecessem a Deus. Lá havia uma árvore, cujos frutos eles não deviam tocar, sob pena de morte. Mas o demônio, pai da mentira, voltado para a mulher: “Ai, de mim! Não morrereis na certa!” (Gen 3,4). “E abrir-se-ão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal” (ib., 5). Sabemos infelizmente o fim dessa deplorável história. A desobediência de Adão e de Eva fez desabar sobre a terra todos os males que afligem o gênero humano. *** Fato parecido sucede presentemente. No meio da sociedade cristã há uma nova árvore, de cujos frutos depende o bem ou o mal, a vida ou a morte. Essa árvore é a imprensa que com livros bons educa e santifica as almas, e com perversos corrompe-as e envenena-as. Deus diz a todos os seus filhos por intermédio da Igreja: Não comais os frutos da imprensa iníqua; se os comerdes morrereis: morte moriemini. E a serpente infernal ao contrário: Não é verdade: abrir-vos-ão até os olhos. Eis uma terrível ocasião e uma insídia diabólica das mais funestas, que se deve evitar. Vejamos: I - A necessidade de evitar as más leituras II - Os danos deploráveis que elas produzem III - As desculpas falsas de quem não as evita I – Necessidade de evitar as más leituras 1 – O Fato Em nossos dias se progrediu na instrução elementar e na verdadeira ciência; mas o pior é que se tem feito progresso também na instrução imoral irreligiosa. Quem não vê a inundação da má imprensa? Outrora poucos liam, e poucos eram os livros. Hoje há um comércio, que se faz em larga escala, de romances, de livrecos, de revistas, de folhetos. É um verdadeiro dilúvio! Não eram tão numerosos os gafanhotos do Egito! E toda essa cambulha é veneno que circula no corpo social e traz corrupção não só às cidades, mas até às aldeias; não só entre as pessoas instruídas, mas entre as classes trabalhadoras e até entre as crianças. 2 – Há obrigação de evitar essa ocasião Ela se baseia na lei natural e na lei divina. Como há obrigação de evitar os maus companheiros do mesmo modo que se evita uma cobra venenosa; como devemos precaver-nos dos falsos profetas, dos quais no fala o Evangelho; também há obrigação para todos de evitar a má imprensa. Às vezes se apresentam livros e revistas em vestes elegantes, com forma literária atraente... mas dentro? O conteúdo qual é? Intrinsecus autem sunt lupi rapaces (Mt 7,15). Tais escritos são mais de se temer do que um bando de assassinos; pois se estes vos tiram a vida do corpo, aqueles tentam tirar-vos a vida da alma que, arruinada, para sempre atais arruinados. 3 – Quem lê, come É um provérbio velho, mas justo. Como o pão é o alimentos do corpo, também a leitura é o alimento do espírito. E como um alimento sadio mantém a vida, e um alimento venenoso a mata; também uma boa leitura conserva a vida do espírito, e uma leitura má tira ao espírito a vida. Ora, qual é o fim da má imprensa e qual é o seu objeto? O fim é sempre o de extinguir a fé e impelir à dissolução. A imprensa serve de potente arma diabólica nas mãos dos inimigos de Deus e da religião. O objeto: Nos livros é o ódio à Igreja e ao sacerdócio; a calúnia, o escárnio das coisas sagradas, o desprezo dos dogmas, das práticas religiosas, dos Sacramentos; fatos históricos deturpados... cenas amorosas e dramáticas passionais, que inflama. Nos jornais se reúnem descrições de duelos, suicídios, homicídios, que constituem os contingentes da crônica; minuciosos relatos de processos judiciários que revelam infâmias e torpezas... E quem lê, facilmente se enche a cabeça de erros e de corrupções o coração. Pois bem, se, como diz S. Paulo, se deve evitar as companhias perversas que com conversas corrompem os costumes, muito mais se devem evitar os livros e jornais perversos. Por conseguinte, é necessário resistir a essa invasão de infâmia e de imundície. Outrora se gritava: “Fora o estrangeiro!”. Hoje em dia se deve gritar: “Fora os falsos profetas e os corruptores da pena!”. Não foi à toa que já em 1919 no parlamento italiano se levantaram fortes as vozes para protestar contra a vergonha e a lama da imprensa: e o próprio Ministro Luzzatti julgou urgente enviar uma circular a todos os Prefeitos do Reino, a fim de reprimir a pornografia. 4 – A má leitura é pior do que o mau companheiro O companheiro com a conversa obscena ou irreligiosa, pode fazer grande mal; lançará funestas centelhas, mas não corrompe logo; o livro, entretanto, grava imediatamente no espírito de quem lê o teor: e restam-vos os contos obscenos e máximas ímpias; que se se põe fora o livro, é prontamente retomado; é companheiro do dia e da noite, em casa, a passeio; e o veneno vai à seiva e ao sangue; O companheiro, ao ensinar a malícia às vezes se contém e pela cor se trai; o livro não fica nem vermelho nem pálido; permanece descarado como é; com a fascinação imprime as ideias, de modo que o leitor recebe punhaladas e a morte, ao passo que ainda acaricia o algoz. O companheiro frequentemente se evita, porque causa horror; o livro não se teme, pela confiança que se tem nas próprias forças; e eis que se estabelece entre o livro e o leitor uma corrente de ideias, de sentimentos e de simpatias, pelo que, mesmo sem querer, se absorve todo o tóxico. Eis por isso a necessidade de evitar tais leituras mais do que se evitam os maus companheiros. 5 – O juízo dos povos Tal necessidade foi reconhecida por todos os povos e em todos os tempos; tanto assim que as próprias Leis civis proscreveram os livros contra a religião e os costumes. Entre os pagãos: Platão, filósofo († 347 a.C.), deixou escrito que “os livros maus devem ser exterminados, e, juntamente com eles os escritores dos quais houvesse saído essa peste” (Liv. Da Repúb.). Tais são ainda as sentenças de Aristóteles, Catão, Cícero, Sêneca e outros escritores Gentios. Entre os gregos antigos, por ordem do Senado foram queimados os livros perversos de Epicuro, de Arquílogo, de Ésquilo e de Protágoras. Este último foi até expulso do território de Atenas, como pessoa infame. Diágoras (apelidado o ateu) por causa dos seus escritos teve de fugir da ira dos atenienses, que puseram a prêmio sua cabeça. Entre os romanos havia uma Magistratura de censores para os livros. O Senado romano queimou os escritos de Labieno; e o imperador Augusto, apesar de protetor das letras e dos literatos, mandou buscar por toda parte os livros ímpios e imorais, e fez uma fogueira de alguns milhares deles. Os egípcios fizeram mais. Não contentes após destruírem os livros infames de Sótades, jogaram no mar o autor trancado num caixão de chumbo. Dentre os próprios autores de maus livros, muitos condenaram suas obras, lamentando quando lhes foi impossível destruí-las. Assim Ovídio, embora pagão; assim Averroés, embora turco; assim Boccaccio, Piccolomini, La Harpe e cem outros. 6 – A autoridade da Igreja Devia a Igreja de Jesus Cristo ser inferior às doutrinas de pagãos e de ímpios? E deve ficar indiferente ante o erro que tenta raptar-lhe as almas? Não! Ela não pode e não deve tolerar semelhante ultraje. E quem poderá negar-lhe esse direito que exercem até os poderes civis? Por isso, ela nos Concílios tem com severidade proibido a leitura de tudo o que é contrário à fé e aos costumes. Ela sempre ergueu e ainda ergue a voz bem alto, para reiterar as proibições e lembrar aos cristãos católicos o pecado grave que se comete e as censuras em que se incorre ao ler e conservar livros que combatam a religião e a moral. A tal severidade a induz o amor dos filhos seus e o desejo de salvá-los da ruína. Invoca-se justiça sobre os matadores de corpos humanos: mas será por ventura a vida da alma menos preciosa que a do corpo? A Igreja sabe perfeitamente que o germe de um erro ou o pus do mau costume introduzido na alma basta para matá-la. (Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino, Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

  • Comentários Eleison nº 867

    Por Dom Williamson Número DCCCLXVII (867) – 24 de fevereiro de 2024 AVISO DE EMERGÊNCIA – II Quanto maior for o horror da Terceira Guerra Mundial, Maior será a glória de Deus – para os olhos que veem! Nenhum leitor destes “Comentários” enviou questões teóricas comparáveis à série de perguntas práticas da semana passada sobre a atual crise sem precedentes da Igreja (ver CE 866 de 17 de fevereiro). Mas vale a pena inventar uma série assim, para oferecer respostas às questões teóricas, a fim de que alguns leitores consigam compreender melhor a confusão desencadeada pelo Vaticano II, que é tão escorregadia quanto perigosa. 1 Então, o que está no cerne dessa confusão? É o que chamam “modernismo”? O que é o modernismo? Resposta: o modernismo é o grande erro dos tempos modernos, pelo qual até mesmo os clérigos mais cultos podem chegar a acreditar que a Igreja do passado não precisaria mais elevar a humanidade a alturas espirituais que ela mesma não seria mais capaz de alcançar. Pelo contrário, a humanidade seria tão diferente nos tempos modernos que, para alcançá-la no seu materialismo, a Igreja deveria atualizar a sua doutrina, a sua moral, a sua liturgia, tudo. Assim, se os homens não conseguem mais subir ao nível espiritual da Igreja, a Igreja deveria descer ao nível material dos homens – é o que dizem. 2 Mas não é função da Igreja chegar aos homens, onde quer que eles se encontrem? Sim, mas não em quaisquer condições! Todos os bombeiros querem apagar incêndios, mas não é qualquer líquido que serve. Que bombeiro já usou gasolina em vez de água? Água e gasolina têm, cada uma, sua natureza imutável, que independe da vontade dos homens. A água apaga o fogo (surpresa!), enquanto a gasolina faz pegar fogo (bem, vai saber). Do mesmo modo, o canto gregoriano e a música rock têm naturezas imutáveis e opostas, com efeitos opostos e imutáveis. O canto gregoriano atrairá almas para a Igreja; já o rock atrairá para o salão de dança, mas não atrairá para a Igreja. Alguns modernistas têm boas intenções, mas são tolos se pensam que a música funciona hoje de forma diferente de como funcionava ontem. Para serem atraídas para Deus, as almas precisam de uma música que seja tranquila, não agitada. 3 Mas toda vida moderna é agitada, se comparada com a vida de ontem. Então, como alguma alma hoje alcançará a Deus? Tu o dissestes! Depois de 6.000 anos de história mundial, seria possível pensar que os homens já teriam aprendido quais são as naturezas, os efeitos e as consequências das coisas; mas não. Nossos tempos se baseiam, por assim dizer, no princípio de que o homem pode desejar que as naturezas tenham os efeitos que ele desejar. Tudo se desnaturalizou e desestabilizou tanto, que a vida se transformou numa agitação contínua, e os jovens já não suportam nenhuma música demasiadamente calma. Mas isso não significa que as naturezas tenham mudado tanto, que o rock as trará de volta à Igreja. Não o fará. Não é da natureza dele fazê-lo. Foi concebido pelo diabo para criar cada vez mais agitação. 4 Mas se isso for verdade, como é que qualquer jovem moderno – ou alma moderna – chegará ao Céu? Boa pergunta! Nos tempos modernos, muitos santos se fizeram essa pergunta, mas nunca perderam a esperança da resposta, porque sabiam que a graça de Deus está sempre disponível para quem a busca. “Onde há vontade, há um caminho”, eis uma maneira humana de dizer isso. “A quem faz o que está ao seu alcance, Deus não recusa a Sua graça”, é uma maneira mais divina que a Igreja tem de dizê-lo. Em todo caso, quando uma alma, sem nenhuma culpa grave de sua parte, se encontra numa situação em que as probabilidades contra a sua salvação são aparentemente esmagadoras, Deus pode sempre intervir, como no caso de Ló, em Gênesis 19. 5 Mas se Deus é todo-poderoso, por que não elimina todo o mal da Criação que Ele mesmo controla? Porque o Seu propósito ao criar é dar a maior bem-aventurança possível às almas que O aceitem livremente. Ora, uma bem-aventurança que não é de forma nenhuma merecida pelo destinatário não pode ser tão afortunada quanto uma bem-aventurança merecida, pelo menos em parte,  pela própria alma, apesar de todo o mal pelo qual ela terá sido cercada em sua breve vida neste “vale de lágrimas”. Segue-se que quanto mais generoso Deus desejar ser com o Seu dom de bem-aventurança, mais mal Ele permitirá, mas só até o ponto em que haja o risco de o mal fazer submergir o bem livremente escolhido. Esse ponto chegou ao mundo inteiro na época de Noé. Está chegando novamente nos tempos de hoje. E Deus intervirá mais uma vez em breve. Se temos a fé católica, façamos a nossa parte rezando o Rosário de Sua Mãe pela salvação das almas. Kyrie eleison.

  • Comentários Eleison nº 866

    Por Dom Williamson Número DCCCLXVI (866) – 17 de fevereiro de 2024 AVISO DE EMERGÊNCIA – I Deus não nos pede que façamos coisas impossíveis, Mas que deixemos para os outros a liberdade que queremos para nós mesmos. Um leitor muito confuso com o que está acontecendo dentro da Igreja Católica enviou uma série de perguntas práticas que muitas almas católicas devem estar fazendo-se atualmente em relação ao sério dever de qualquer católico de assistir à Missa para cumprir com a sua obrigação dominical. Normalmente as respostas são mais ou menos claras, mas as circunstâncias desde a revolução do Vaticano II dentro da Igreja, na década de 1960, já não são normais, e por isso as respostas já não são tão claras. Enumeremos as perguntas desse leitor, indo do geral ao particular, a fim de que estes “Comentários”, forneçam, sem que estejam impondo, respostas. 1 Até que ponto a Neoigreja do Vaticano II é católica, e em que medida é falsificada? Resposta: só Deus o sabe, porque só Ele conhece os segredos dos corações dos homens, e a fronteira entre a verdadeira e a falsa Igreja muitas vezes passa pelo coração dos homens, por exemplo, se têm ou não a fé católica. Visto que somente Ele pode sabê-lo com certeza, então Ele mesmo não espera que nós o saibamos. No entanto, nos dá meios suficientes para saber o que precisamos saber, como julgar pelos frutos (cf. Mt. VII, 15-20). Estes distinguirão infalivelmente a diferença, por exemplo, entre os verdadeiros e os falsos pastores. A alegria e a caridade verdadeiras revelarão onde a verdadeira Igreja ainda existe, mesmo dentro das estruturas da Neoigreja. 2 Temos um Papa? Resposta: se julgarmos o Papa Francisco pelos seus frutos, eles serão desastrosos para a verdadeira Igreja, a ponto de muitos católicos sérios argumentarem que ele seria, na verdade, um antipapa. Mas Deus não exige que eu saiba com certeza se é uma coisa ou outra. Bons teólogos católicos podem discordar em relação a isto. Em sua sabedoria, o Arcebispo Lefebvre orientava seus sacerdotes no sentido de que eles poderiam ter a sua própria opinião em privado, mas em público deveriam comportar-se como se os aparentes papas do Vaticano II fossem verdadeiros Papas, a menos e até que houvesse provas claras de que não seriam Papas. Ora, até o Papa Francisco continua cumprindo a função católica de fornecer à Igreja estrutural uma cabeça visível, permitindo que as estruturas da Igreja continuem a funcionar até que Deus limpe os estábulos de Augias. No Seu tempo, Deus colocará o Papa de pé novamente. Enquanto isso, posso desesperar-me com este ou aquele papa, mas não devo desesperar-me com o Papado, ou com qualquer outra instituição da Tradição de Nosso Senhor mesmo. 3 E quanto aos sacramentos da Neoigreja? Resposta: assim como a Neoigreja em seu conjunto, da qual são produto e parte, eles ainda são parcialmente bons, mas essencialmente apodrecidos, tal como as maçãs podres com as quais se pode compará-los, porque a Neoigreja foi habilmente projetada desde o início para apodrecer durante dezenas de anos, até que não restasse mais nada da verdadeira Igreja. Isto porque na década de 1960, quando aconteceu o Concílio Vaticano II, muitos clérigos no topo da Igreja tinham sido completamente infectados pelo pensamento da maçonaria, a sociedade secreta criada em 1717, em Londres, para infiltrar-se na Igreja Católica até que esta pudesse ser destruída por dentro, permitindo assim que os inimigos conhecidos de Deus e do homem dominassem o mundo, uma vez que a própria Igreja de Nosso Senhor é o grande obstáculo no caminho deles. 4 E quanto aos “milagres eucarísticos” que supostamente ocorrem nas “missas” do Novus Ordo? Resposta: ao longo dos quase 2.000 anos de história da Igreja, Deus sempre, por meio desses milagres, ajudou os cristãos a acreditarem no estupendo milagre de Sua Presença sob as meras aparências do pão e do vinho, e esses milagres continuam até hoje, porque o Sagrado Coração não abandonará as ovelhas enganadas pelos seus pastores. A diferença é que nos tempos de hoje se tem a ciência moderna à disposição para fornecer evidências verdadeiramente científicas a fim de provar que os milagres autênticos assim o são. Veja-se, por exemplo, o livro “Um cardiologista examina Jesus”, do Dr. Franco Serafini, com explicações e ilustrações fotográficas de vários milagres recentes. O estudo é publicado pela Sophia Institute Press, e está disponível em http://SophiaInstitute.com. Deus abençoa aos Tradicionalistas por se aferrarem à Missa Tradicional em latim, mas não a um ou outro que recusa as evidências científicas fornecidas pelo Sagrado Coração para a salvação das almas. 5 E quanto ao recebimento de hóstias supostamente consagradas nas missas do Novus Ordo? Resposta: talvez seja melhor evitá-las, porque podem ser inválidas, e com o tempo essa possibilidade pode aumentar. Porém, em caso de necessidade se pode receber tais hóstias, pois elas também podem ser válidas. Kyrie eleison.

  • O NOME E A COISA

    + PAX O NOME E A COISA 24 de fevereiro de 2024 Tradição, Fidelidade, Resistência: três palavras, três coisas? Não, apenas uma. Qual? A guarda do depósito da fé. Esse é o papel dos bispos. Dom Lefebvre guardou e protegeu esse depósito. Nós também, da melhor forma possível, queremos protegê-lo. Isso é Tradição. O papel do bispo é guardar o depósito da fé em sua alma e ao seu redor. Dom Lefebvre negou que fosse o chefe dos tradicionalistas. Negou ter "seguidores". Ele era simplesmente um bispo que resistia. Não queria que nada muito humano atrapalhasse seu testemunho e seu combate. Não queria que a Tradição fosse equiparada a uma seita ou a um movimento de qualquer tipo. A Tradição é a Igreja. O chefe é Nosso Senhor, e é a Ele que seguimos. Ademais, se seguimos Dom Lefebvre, é porque os chefes, pontífices e santos foram feitos para serem seguidos, porque eles seguem Nosso Senhor. Dom Lefebvre recusava o título de chefe, mas o fato é que ele era nosso pastor. As ovelhas entenderam claramente que era ele quem iria salvá-las do naufrágio, que era preciso segui-lo, não como "seguidores", mas como católicos, para não perderem suas almas. No que nos diz respeito, dizemos: somos da Tradição, somos de Dom Lefebvre, somos de Nosso Senhor. Não somos toda a Tradição, mas somos, e queremos ser, da Tradição. Os outros nomes exprimem nossa determinação de não perder o depósito da fé, nossa determinação de lutar por ele, não com Dom Fellay, mas com Dom Lefebvre. Ele lutou com força e caridade. Isso é Tradição. Esse também é o nosso verdadeiro nome. + Tomás de Aquino O.S.B. U.I.O.G.D.

  • A pulverização da Igreja

    Por Gustavo Corção, publicado n’O Globo em 27-01-1973 QUASE poderíamos, a priori, descrever as fases progressivas do processo de demolição da Igreja empreendido pela Revolução Mundial. A Igreja distingue-se dos protestantismos por sua forma hierárquica, ou pela informe poeira dita ainda cristã deles. Para a Revolução é imprescindível o contínuo e progressivo ataque ao princípio de autoridade que dá forma às sociedades. Para chegar à desejada meta começou de longa data por difundir o termo comunidade que não implica ideia de forma, e por abolir o termo sociedade, quando se fala das estruturas eclesiais. A Igreja, no linguajar dos seus demolidores internos, apresentados nos jornais como teólogos, há muito tempo deixou de ser Sociedade. No seu livro de Le Paysan de Ia Garonne, Maritain frisou bem (p. 81) que a Igreja como sociedade será também uma "comunidade de pessoas humanas", com o primado da pessoa sobre a comunidade. Para a Revolução que se processa em tons diferentes nos dois hemisférios do mundo, é mister dissolver a pessoa dentro da comunidade e liquidificar a sociedade que, sem hierarquia, se desfaz em comunidade. NA FASE seguinte do processo demolidor difundiu-se a ideia de que a Igreja é um povo à custa de uma equívoca interpretação do título do Cap. II da Lumen Gentium. Nesta etapa estão incluídas todas as tentativas de democratizarão da Igreja, desde a potencialização do termo Povo de Deus até à definição ou apresentação oficial da Santa Missa como assembleia dos fiéis, isto é, como estrutura de base. O termo base ressoa nas abóbadas de nosso século com várias conotações que convergem todas para o primado da causa material. Se conspiramos contra uma sociedade, isto é, contra uma forma, devemos, sempre que se apresentar ocasião, lançar no debate o termo base. Sem necessidade de grande argúcia dos demolidores, bastando para isto o descuido ou o sono dos pastores, hão de se encontrar os dois termos para designar a terceira etapa da obra que já agora se pode chamar pulverização da Igreja. E ASSIM chegamos logicamente ao que já temos fisicamente espalhado no mundo católico: as comunidades de base que estão prontas para corroer, como térmitas, todos os grupos e sociedades do direito natural. A comunidade de base é a fórmula atômica da anarquia. A dinâmica de tais comunidades tem duas características principais: a primeira é a indefinida multiplicação de experiências e caprichos. Assim é que em muitas dessas comunidades espalhadas no mundo inteiro celebram-se missas particulares com liturgias que têm já a divertida improvisação dos happenings. O experimentalismo litúrgico lançado em Roma pelo Cardeal Lercaro e seus herdeiros encontra nas "comunidades de base" o seu campo próprio. Estamos em pleno movimento browniano da liturgia empírica, e de base. A segunda característica da dinâmica das comunidades de base está no afrontoso método de primeiro fazer e depois ver o que acontece. Dado que o mundo de hoje padece de uma diminuição planetária do caráter e da coragem, essa imposição da praxis revolucionária produz a figura do "fato consumado” diante da qual toda autoridade tíbia se inclina, ou até esboça uma genuflexão. PARA ilustrar e documentar fartamente o que acima dissemos das "comunidades de base" recomendo vivamente a leitura da Hora Presente novembro/72, nº 13, que dedicou quase todo o número da revista ao exaustivo estudo de mais esta enfermidade que é uma espécie de cupim, ou de herpes que se espalhou na pele da Igreja produzindo em todo o seu corpo pruridos de novidades, pruridos de desobediência, pruridos pornográficos, pruridos litúrgicos, pruridos marxistas. E NÃO se admire o leitor se, à frente de muitos desses movimentos que querem destruir a hierarquia, encontrarmos bispos e cardeais. Não há aí nenhuma contradição lógica, haverá sim a contradição psicológica que leva ao suicídio e que se alastra na Igreja como autodemolição. E a própria hierarquia que destila o veneno que se transforma, se multiplica e se volta contra ela. Todo o mundo hoje sabe que são os bispos, com algumas santas exceções, que estão comandando a destruição da autoridade, a democratização, a comunização, a pulverização da Igreja. CORRENDO os olhos pelo imenso material coletado por Hora Presente, num trabalho de Hércules, nós vemos desfilar fastidiosamente os nomes de personagens conhecidos: Hans Kung, Ivan Illitch, Jean Cardonnel, Jean-Marie Do-menach Rahner, Congar, Suenens, Alfrink, Fesquet, Girardi etc. etc. etc. SE quisermos aqui reproduzir as denominações dos grupos e movimentos que nascem e se multiplicam em sub-sub-legendas teríamos de ocupar todo o jornal. E nessa marcha, dentro de um ano precisaremos de um volume especial da Lista Telefônica para catalogar os pedaços a que se reduziu a Igreja Católica. Eles mesmos já traçaram o programa: A Igreja desierarquizada (seria melhor dizer anarquizada) e reduzida a milhões de pequenas igrejas carismáticas e proféticas. NO mesmo número de Hora Presente é feito um judicioso paralelo entre as Comunidades de Base e os Cursilhos. HÁ evidentemente em todos esses fenômenos uma interpenetração dos dramas da Igreja e das tragédias e comédias da Civilização. Esperamos que a Hierarquia descubra que deixou portas e janelas abertas demais em dias de tempestade e de revolução. Falaram no "ghetto", como os modernistas em "torres de marfim". Resta um dado perene do senso comum: a Igreja, para bem se governar, precisa Casa abrigada do vento e dos vagabundos. Precisa arrumação. Ordem.

  • TRADIÇÃO

    Por S. Exa. Revma. Dom Tomás de Aquino, O.S.B. 17 de fevereiro de 2024 É preciso ter uma doutrina muito segura para compreender e fazer compreender todo o verdadeiro significado da palavra Tradição, especialmente nesta crise que se abateu sobre a Igreja desde o Vaticano II. O combate de Dom Lefebvre contra os erros do Vaticano II foi chamado de Tradição: "Tradidi quod et accepi”. Esse combate não é, estritamente falando, o combate de Dom Lefebvre, é claro. É o combate da Igreja. É, particularmente, a operação sobrevivência de 1988, sobrevivência de toda a Igreja. Dom Lefebvre não queria ser chamado de chefe dos tradicionalistas. Ele simplesmente se autodenominava um bispo que resiste, o que levou Dom Gérard a acusá-lo de "resistencialismo". Resistir por Fidelidade (nome escolhido na França para designar a oposição ao acordismo de Dom Fellay). Podemos dizer a mesma coisa hoje. Há fiéis que resistem e que querem continuar o combate de Dom Lefebvre como ele o conduziu. Mas não é tão fácil ter a sabedoria de Dom Lefebvre. Que podemos fazer, a não ser implorar ao Deus dos Exércitos que tenha misericórdia de nós? Que ele nos faça lutar de acordo com as regras da prudência. Ele não apenas defendeu o depósito da fé, mas também denunciou os inimigos desse depósito. Há, em Dom Lefebvre, uma prudência superior, um dom de conselho para discernir a verdadeira maneira de combater. A maneira verdadeira não era a de Dom Gérard, nem a do Padre Bisig, fundador da Fraternidade São Pedro, nem a de nenhuma das comunidades Ecclesia Dei (primeiras palavras do documento que excomungou Dom Lefebvre), nem a de todos aqueles que aderiram aos convites de Roma. De que forma a maneira de Dom Gérard desagradava a Dom Lefebvre? Desagradava porque entregava aos inimigos os verdadeiros católicos, a parte escolhida do rebanho. Ele ficou surpreso por não ter havido mais resistência a Dom Gérard no Barroux; era preciso ter lutado mais. Entregar as almas dos monges, de seus padres, quase todos ordenados por Dom Lefebvre, e das freiras beneditinas também... sim, Dom Gérard merecia ser deposto. Dom Lefebvre me disse isso. Ele queria que eu fosse ao Barroux para isso. Confesso que não tive nem a coragem, nem a força, nem a capacidade de fazê-lo. Mas é essa a conduta dos verdadeiros bispos e também dos verdadeiros santos, como São Pio V, que liberou os ingleses da obediência à Rainha Elizabeth. No caso de Dom Gérard, não se tratava diretamente de uma questão de heresia, mas sua conduta levaria os monges aos erros modernos do Vaticano II. Voltemos aos tradicionalistas. Tentemos uma definição: aqueles que, no combate atual, seguiram Dom Lefebvre e continuam a segui-lo. Eis o movimento da Tradição. Tradição doutrinária e tradição prudencial. Essa é a Tradição que aprendemos a amar com Dom Lefebvre, na qual ele repreendeu o erro, reacendeu a coragem, esclareceu as dúvidas e comunicou em abundância as graças dos sacramentos. Sigamo-lo novamente. Com ele, mais do que com qualquer outro, temos a Tradição. Ele é, ainda hoje, o homem capaz de fazer a única reconciliação (ralliement) verdadeira que pode unir todos os tradicionalistas na verdadeira fidelidade.

  • Comentários Eleison nº 865

    Por Dom Williamson Número DCCCLXV (865) – 10 de fevereiro de 2024 MOTIVO para a “RESISTÊNCIA” Deus nos deu o velho santo sábio que sabia do que precisaríamos. Poderia um jovem pensar que seria capaz de nos liderar? Há menos de um mês, em 24 de janeiro, Dom Tomás de Aquino, o Prior brasileiro do Mosteiro beneditino tradicional da Santa Cruz, situado nas altas montanhas do Brasil, por trás do Rio de Janeiro, publicou uma denúncia grave a respeito de um líder proeminente que atua em todo o mundo no movimento católico tradicional. Mas os tradicionalistas já não têm problemas demais fora da Tradição? Ainda têm de brigar entre eles mesmos também? Normalmente isso é senso comum católico, mas não se a base mesma do catolicismo, a fé católica, estiver em jogo. E, ora, na luta entre Roma e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ela nunca deixou de estar em jogo. Que os leitores julguem por si mesmos se, como pastor do rebanho de Nosso Senhor, Dom Tomás fez algo diferente do seu dever sagrado ao denunciar aquele lobo em pele de cordeiro. A causa de existir a Resistência não é outra senão Dom Fellay com suas palavras e seus atos. Suas palavras minimizaram a gravidade da crise e do Concílio. Seus atos expuseram a Tradição a ter o mesmo destino que as comunidades Ecclesia Dei. Dom Fellay não falava como Dom Lefebvre. Dom Lefebvre denunciava com força os erros do Concílio bem como os que eram a causa destes erros. Ele advertiu praticamente todos os papas conciliares de suas responsabilidades. Disse a João Paulo II que se ele continuasse no caminho do ecumenismo já não seria o bom pastor, e no desenho sobre Assis, disse, com imagens e palavras, que João Paulo II iria para o inferno, se continuasse ecumenista. Disse ao cardeal Ratzinger que ele, Ratzinger, era contra a cristianização da sociedade. Ele denunciou a apostasia da Roma conciliar (...) Defendeu padres e fiéis do contágio modernista. Expôs-se a uma excomunhão inválida, mas infamante. Não recuou na defesa da França face ao perigo muçulmano. Protegeu-nos contra a tentação acordista de Dom Gérard. Ele foi, em suma, como os antigos bispos: o defensor da cristandade e da base da cristandade, que é a fé. Foi o homem das virtudes teologais, sustentando nossa fé e todas as virtudes. E Dom Fellay? Continuou ele a ação de Dom Lefebvre? Não. Tanto nas palavras como nos atos, Dom Fellay se afastou de Dom Lefebvre. Sobre a Liberdade Religiosa, ele minimizou a gravidade do que disse o Concílio (...) Não atacou os erros como Dom Lefebvre. Não falou das duas igrejas como Dom Lefebvre.  Não distinguiu com clareza a Igreja oficial da Igreja Católica, mas falou de uma "igreja concreta", confundindo os fiéis e até os padres. Que igreja concreta é essa? Temos de estar nessa igreja? Nós estamos na Igreja Católica. Reconhecemos o papa, mas não a Igreja conciliar, da qual falava o cardeal Benelli. Reconhecemos o papa, mas não a sua doutrina nem seus atos contra a Tradição. Estes atos não são católicos, mas anticatólicos. Foi sob a influência de Dom Fellay que o capítulo de 2012 modificou o princípio enunciado pelo capítulo de 2006: nada de acordo prático sem acordo doutrinal. Isto não agradava a Dom Fellay e foi mudado. Com certas condições, pode agora a Fraternidade fazer acordo prático sem acordo doutrinal. É uma brecha. Brecha que pode levar a Fraternidade pelo caminho das comunidades Ecclesia Dei. Ela não foi tão longe, mas baixou sua guarda e Roma se aproveitou disso. Dom Fellay reprimiu a resistência interna na Fraternidade, expulsando Dom Williamson e alguns padres; depois puniu outros, como os sete decanos que protestaram, acertadamente, contra o documento de Roma a respeito dos casamentos. Dom Fellay desorganizou a Tradição, afastou-se da linha de Dom Lefebvre e fez outros também se afastarem dela. Esta foi a razão de existir a Resistência: resistir a tal afastamento.​ Nós queremos seguir Dom Lefebvre em tudo, na doutrina e também nas soluções práticas, pois, como ensinam Aristóteles e Santo Tomás, os exemplos dos antigos servem de princípios de ação.​ Seguimos Dom Lefebvre na doutrina e na ação, sobretudo em relação à Roma modernista, e isto para sermos fiéis à Roma eterna, mestra de verdade e de santidade. Kyrie eleison.

  • XXVIII – Como devemos crer - A Universalidade e a Operosidade

    Como devemos crer A Universalidade e a Operosidade I – Como devemos crer 3 – Universalidade Nossa fé deve estender-se a todas as verdades que Deus revelou e que a Igreja ensina. Não se compreendem algumas delas? Que importa? Deve-se crer em todas. Pode correr um trem numa linha em que falte apenas um metro de trilho? Também não se vai à eterna salvação se se falta num único artigo de Fé. Negar uma única verdade é o mesmo que renegar a Fé. “Quem tiver faltado num só ponto, tornou-se réu de todos os demais: Quicumque offendat in uno, factus est omnium reus” (Tg 2,10). São Pedro mártir - Nascido de pais hereges (✝ 1254), ao frequentar a escola elementar, aprendeu o Credo, que recitava amiúde, para não esquecer algum artigo de fé. Um tio dele, herege, um dia o deteve e o perguntou: “Que aprendeste na escola?”. “O Credo”. Indignado, o tio ameaçou-o, dizendo-lhe que não se deve crer em nada que está no Símbolo Apostólico. Não obstante continuava o menino a professar a sua fé inteira. Tornando-se depois religioso dominicano, empregou sua vida combativa na defesa da religião, até que os inimigos da Fé católica juraram matá-lo. Atacado um dia por um sicário, que o feriu na cabeça com uma espada, ainda teve tempo de recitar todo o Credo antes de expirar. E querendo selar a sua Fé com o sangue ainda escreveu a palavra Credo no chão com o dedo molhado do próprio sangue que ele derramava aos borbotões. 4 – Operosidade A Fé deve ser ainda operosa: isto é, deve-se manifestá-la com as obras. Ela se compara a uma árvore que se nutre de seus próprios frutos. Se faltam estes, a árvore também perece. “Que aproveita (escreve S. Tiago) se diz alguém possuir a fé, e não possua as obras? (Tg 2,14). Essa é a fé dos demônios, que também creem (ibid. 19). Vendo os espíritos imundos Jesus Cristo, exclamaram: “Tu és o Filho de Deus” (Mc 3,11-12). É Fé que salva a Fé sem obras? Não: a que salva é a Fé viva e não a sem obras, que é fé morta. “Crê realmente quem pratica com as obras aquilo em que crê” (S. Gregório). Que importa dizer “eu creio em Deus”, se afinal se despreza a sua lei?; dizer “eu creio em Jesus Cristo”, se afinal não se vive de acordo com as suas máximas?; dizer “eu creio no inferno”, se afinal nada se faz para evitá-lo; dizer “eu creio na remissão dos pecados e na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, se afinal se fica afastado da Confissão e da Comunhão? Isso não é fé operosa, mas só de nome. Heroísmo de obras – Na época da Revolução francesa, um soldado da Vandéia, feito prisioneiro com muitos outros, foi levado a seu torrão natal, a fim de ali suportar o derradeiro suplício. Lá estava erecta, na praça, uma Cruz, a pouca distância da qual se achava a casa do soldado. Os republicanos lembraram então ao condenado o velho padre, e lhe perguntaram se o queria ver. “Sim”, respondeu ele. “Pois bem (acrescentaram), vê-lo-ás se abateres aquela Cruz com este machado”. O soldado tomou do machado e foi correndo à Cruz. Seus companheiros de desventura estremeceram, pensando que ele apostasse de sua fé. No entanto, o generoso soldado, abraçando a Cruz, exclamou:  “Ai de quem insultar a Cruz de Cristo” É este o sinal da minha redenção, que até aqui venerei! Sempre obrei segundo os ensinamentos de Jesus Cristo que morreu na Cruz por minha salvação, e agora de bom grado morrerei aos pés dela por minha Fé”. Assim, abraçado à Cruz, foi traspassado pelas baionetas daqueles monstros, e ali deixou a vida. Eis o heroísmo de obras de um verdadeiro cristão apegado à sua Fé. Conclusão Expus a vós as qualidades que deve ter a nossa Fé, para que nos possa abrir as portas do Céu. Deve agora cada qual, por sua conta, fazer um pouco de exame e indagar a si mesmo: Tem minha Fé todas as qualidade requeridas? É sobretudo firme? Ou é vacilante? É ela prática de operosa? Ou é como uma árvore sem frutos? Ouçamos o que nos diz S. Paulo: “Experimentai se estais na verdadeira Fé: provai vós mesmos: Vosmetipsos tentate, si estis in fide; ipsi vos probate” (2 Cor 13, 5). Tenhamos diante dos olhos o exemplo de milhões de mártires que morreram pela Fé; olhemos também tão bons cristãos que, firmes na crença de todas as verdades reveladas, procedem de acordo com elas: imitemo-los, e a nossa será a Fé que salva. (Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino, riginal La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

  • DUAS CARTAS, DUAS ORIENTAÇÕES

    Por S. Exa. Revma. Dom Tomás de Aquino, OSB 10 de fevereiro de 2024 Três bispos escreveram a seu superior sobre o perigo de um acordo puramente prático com Roma, e fizeram apelo a seu fundador, Dom Lefebvre. — Ele tinha razão, há 25 anos; continua a ter razão hoje — diziam eles. A essa advertência, o superior respondeu que os três bispos estavam desprovidos de espírito sobrenatural e de senso da realidade. Grave acusação, que poderia recair sobre o próprio Dom Lefebvre. Mas será verdadeira? Não seria o contrário: a Dom Fellay é que faltariam essas duas qualidades? Eis aí toda a questão. A quem falta realismo e espírito sobrenatural? A Dom Lefebvre é que não era. Aos três bispos que recorriam ao exemplo de Dom Lefebvre é que não podia ser. Eles afirmavam que a situação de então (2012) não era substancialmente diferente da de 2006, quando fora decidido não fazer acordos práticos sem acordo doutrinal. Eles alertavam sobre o perigo de pôr-se nas mãos dos bispos conciliares e da Roma modernista. Irrealismo? Falta de espírito sobrenatural? Queriam preservar a Fraternidade das profundas divisões que poderiam ocorrer. Falta de senso da realidade? de espírito sobrenatural? Chamavam a atenção do Superior Geral sobre o pensamento modernista de Bento XVl. Notavam, na Fraternidade, sintomas de diminuição na confissão da Fé. Irrealismo? Falta de espírito sobrenatural? Dom Lefebvre falava de AIDS espiritual da Roma modernista. Dom Fellay parece não pensar da mesma maneira ou não tomar as mesmas precauções. Ele minimiza a gravidade dos erros do Concílio. Para ele, a Liberdade Religiosa se torna uma liberdade muito, muito pequena. E o Concílio, algo sobre o qual muitos pensam que disse o que não disse. Quem são esses "muitos"? Os três bispos? Ele os acusa de tratar os erros do Concílio como se fossem super-heresias. Se comparamos Dom Fellay com Dom Lefebvre, a diferença é nítida. Dom Lefebvre falava de apostasia de Roma. Dom Fellay minimiza a situação e procura uma perigosa aproximação com a Roma modernista, com ou sem acordo. Quais foram os frutos dessa suposta superioridade de Dom Fellay, isto é, a de ser mais realista e sobrenatural que Dom Williamson, Dom Tissier e Dom Galarreta? Os frutos foram doces ou amargos? Que cada um julgue por si. Grande comoção na Fraternidade; mudança do princípio que rege as relações com Roma (acordo prático só com acordo doutrinal ou acordo prático sem acordo doutrinal); partida de sacerdotes que deixaram a Fraternidade, incluindo o Padre Faure; expulsão do bispo mais combativo da Fraternidade (Dom Williamson); expulsão de padres; perplexidade de sacerdotes que, mesmo ficando na Fraternidade, não aprovaram a nova política iniciada por Dom Fellay; desorientação entre os fiéis; afastamento de algumas comunidades amigas; reservas da parte de outras; aceitação de medidas comprometedoras que tomou em relação à Fraternidade, indo até a aceitar as novas medidas a respeito dos casamentos, causando a reação e a demissão de sete decanos franceses e a reação de três comunidades amigas; etc. Bons frutos? Não! Que concluir? Há duas orientações na Tradição: a de Dom Lefebvre e a de Dom Fellay, ao menos a de Dom Fellay enquanto Superior Geral. Como Dom Fellay nunca se retratou, podemos supor que ele ainda pensa assim. Nós seguimos a de Dom Lefebvre e agradecemos a Dom Williamson ter resistido a Dom Fellay. Graças a Dom Williamson, a Resistência pode continuar o combate com a santa liberdade dos filhos de Deus para defender a Tradição e transmiti-la conforme o exemplo que nos deu Dom Lefebvre: “Tradidi quod et accepi”. Transmiti o que recebi.

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