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Comentários Eleison nº 896


Por Dom Williamson

Número DCCCXCVI (896) – 14 de setembro de 2024


LEFEBVRE PÓS 1988 – I


Um liberal é um lobo vestido de ovelha.

Julgue pelos frutos: cadáveres de ovelhas amontoados.

De que adianta ele ser “livre”,

Se ele segue obrigado pela Lei décupla de Deus?


“Para o inferno com o Céu! Farei como eu quiser!

E que Deus com Seu Inferno golpeiem para sempre!”


Depois de consagrar quatro Bispos em junho de 1988, o Arcebispo Lefebvre viu mais claramente do que nunca que os romanos conciliares não eram servos da Fé católica. Em 1989 ele concedeu uma longa entrevista na França, cruelmente resumida abaixo (acesse a versão original completa aqui: https://sspx.org/en/one-year-after-consecrations-30335).


Qual o motivo das Consagrações?


Durante vários anos, tentei fazer com que Roma entendesse que, na medida em que avançava em idade, eu tinha de assegurar a minha sucessão. Eles tinham medo de que eu consagrasse Bispos, por isso sugeriram a possibilidade de termos um Bispo que seria meu sucessor.


Fui a Roma para conversar, mas sem qualquer certeza de sucesso. Queria ir o mais longe possível para demonstrar a nossa boa vontade. Rapidamente, porém, percebemos que estávamos lidando com pessoas que não eram honestas. Roma levantou a questão do Concílio que não queríamos ouvir. Foi encontrada uma fórmula para um acordo que estava nos limites daquilo que podíamos aceitar. Consegui apenas um Bispo, enquanto pedia três. Isso já era praticamente inaceitável. E, quando, ainda antes de assinar o protocolo, perguntamos quando poderíamos ter este Bispo, a resposta foi evasiva ou nula.


O acúmulo de desconfiança e reticências levou-me a solicitar a nomeação de um Bispo para o dia 30 de junho. Ou isso, ou eu iria em frente e consagraria. Confrontado com tal escolha, o Cardeal Ratzinger disse: “Se assim for, o protocolo acabou. Acabou e não há mais protocolo. Você está rompendo relacionamentos”. Foi ele quem disse isso, não eu.


Lefebvre deveria ter ficado na Igreja


De que Igreja estamos falando? Se você se refere à Igreja Conciliar, então nós, que lutamos contra o Concílio durante vinte anos, porque queremos a Igreja Católica, teríamos que reentrar nessa Igreja Conciliar para, presumivelmente, torná-la católica. Isso é uma ilusão completa.


Perigo de cisma?


Dizer que não somos a “Igreja visível”, que estamos saindo da “Igreja visível”, que é infalível, tudo isso são apenas palavras que não correspondem à realidade. É incrível que alguém possa falar da “Igreja visível”, ou seja, da Igreja conciliar, em oposição à Igreja Católica que tentamos representar e à qual tentamos dar continuidade. Somos contra a Igreja conciliar que é virtualmente cismática, mesmo que o neguem. Na prática, é uma Igreja praticamente excomungada, porque é uma Igreja modernista. Não estamos fazendo uma Igreja paralela. Somos o que sempre fomos: católicos que perseveram, e nada mais.


Cada um destes papas recentes são, na verdade, dois papas em um. Foi João XXIII quem lançou a abertura da Igreja ao mundo. A partir daí, fomos enquadrados na ambiguidade e na duplicidade, ou seja, na forma dúplice de agir própria do liberal.


Não estamos contra o Papa na medida em que ele representa os valores da Sé Apostólica que são imutáveis. Mas estamos contra o Papa na medida em que ele é um modernista que não acredita na sua própria infalibilidade, que pratica esse ecumenismo. Enquanto em Roma os clérigos permanecerem apegados às ideias do Concílio: liberdade religiosa, ecumenismo, colegialidade, estarão no caminho errado.


Reconciliação?


Não creio que seja oportuno tentar contatar Roma. Acho que ainda devemos esperar. Espera-se, infelizmente, que a situação do lado deles piore. Mas até o momento eles não querem reconhecer esse fato.


Kyrie eleison.

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